domingo, 5 de outubro de 2014

A alegria do dom da vida



“A alegria do dom da vida”: esse é o segredo, e essa é a descoberta que nem todos, infelizmente, têm a possibilidade de fazer…

É que muitas vezes levam-nos a confundir a alegria com a gargalhada e a distração, senão mesmo com a inconsciência. Basta ver um pouco daquilo que é a Lisboa nocturna do fim de semana – e damo-nos conta dela quando, na manhã seguinte, acordamos e saímos antes dos carros do lixo passarem, e vemos no chão os copos e garrafas, senão mesmo alguém que por ali ficou, não por ter falta de tecto mas simplesmente porque não foi capaz de se erguer para regressar. E dizem que isso é fruto da alegria de viver…

Incapazes de enfrentar a vida com as dificuldades e sofrimentos que ela sempre traz, procuramos tantas vezes esquecer, voltar-lhe as costas, viver num mundo que alguém ou nós próprios imaginámos, criámos, numas horas de inconsciência vazia.

Isto para já não falar de tantos outros dramas que quase parecem não ter solução. E não terão nunca, enquanto aquele que os vive não descobrir que a vida é um dom, uma realidade que nos foi dada; melhor: uma realidade que nos é dada em cada momento que passa. Perceber que Deus não se limitou a criar-nos num qualquer dia longínquo, mas que, mesmo no meio do sofrimento, o seu amor por nós é eterno e concreto, infinito.

É essa vida que nos é dada, cheia de sentido a ser descoberto e partilhado – sentido para nós, para os outros e com todos – que vale a pena ser vivida, bem vivida até ao fim. Num caminho cada dia mais intenso. É por ela e nela que vale a pena caminhar.
D.Nuno Brás

 in Voz da Verdade

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