terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Organizar o esforço

Quando o nosso trabalho começa a ficar mais lento, devemos procurar a razão. Conforme a razão assim será o remédio. Se a causa é a fadiga, então temos de descansar. Se, por outro lado, é a preguiça, então temos de nos esforçar. Com efeito, quase sempre, se a nossa vida está bem regulada, o melhor de todos os remédios é o esforço. Mas é necessário variá-lo. Descansamos de uma tarefa começando outra. Uma mudança é suficiente, dado que são diferentes as forças exercitadas.
Seja como for, não se deve dissipar a energia espalhando-a por demasiados objetos. De outra forma, não nos daremos a nenhum e o gosto que daí extrairemos será apenas superficial, e nunca uma alegria profunda. A vida é necessariamente uma unidade: quanto mais estamos divididos, mais parecidos ficamos com a morte, que é essencialmente separação. Ao ir atrás de tudo, ficamos com nada. Ao mergulharmos profundamente numa coisa, descobrimos muitas outras. Acredito que se pudéssemos atingir a verdadeira profundidade de alguma coisa que fosse, haveríamos de encontrar tudo!
O esforço consiste no controlo das nossas faculdades. Em vez de as deixarmos à solta aqui e ali, concentramo-las no objeto que temos em vista. O esforço, contudo, é ajudado pelo distanciamento, que é a tranquilidade da mente. Precisamos de nos libertar de toda a preocupação, todos os pensamentos de sucesso, todo o desejo de vencer a luta, todas as considerações de castigo ou recompensa. Devemos voltar-nos total e serenamente na direção do nosso objeto e concentrarmo-nos no máximo da nossa força. Da mesma maneira, quando descansamos, devemos descansar com todo o coração e não pensar em mais nada.
Dar o melhor em qualquer coisa que façamos, usando todas as nossas faculdades, é o segredo de todo o verdadeiro desenvolvimento e de toda a verdadeira alegria.
 
Um Cartuxo
In Where silence is praise

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