sábado, 13 de agosto de 2011

A virtude da paciência


Longe de ser sinónimo de debilidade, a paciência é força em relação a nós mesmos, capacidade de agir de forma compulsiva, espera dos tempos do outro, capacidade de suportar o outro, de apoiar e carregar o outro.
(…)
Hoje, porém, a paciência perdeu grande parte do seu fascínio: os tempos acelerados suscitam a impaciência, o não adiamento, o «agora e já», a posse que não dá lugar à espera. A autoafirmação individualista torna-se falta de vontade de espera e de compreensão do outro que, com demasiada rapidez, corre o risco de se tornar incómodo ou aborrecido, um verdadeiro empecilho. Eis, então, que a paciência, que outrora constituía uma modalidade sábia e humana de habitar o mundo, é votada ao esquecimento.
A lenta maturação das coisas é sentida como intolerável... O mundo moderno esqueceu a virtude da paciência. A ação rápida e eficaz em que se deve empenhar tudo de uma só vez ofuscou o esplendor obscuro da capacidade de esperar e de sofrer.

Luciano Manicardi
In A caridade dá que fazer, ed. Paulinas
12.08.11

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