domingo, 31 de julho de 2011

Inês Pedrosa e Maria José Nogueira Pinto

A propósito deste texto de Jaime Nogueira Pinto, Inês Pedrosa escreveu um breve comentário muito positivo, aliás, sobre o "conceito de amor" do casal Nogueira Pinto.

Porém, se dedicarmos alguma atenção ao percurso de Inês Pedrosa verificamos que aquilo que escreve em matéria de "amor" não bate bem com o que defende, por exemplo, em matéria de livre acesso ao aborto por mera opção.

Diz Inês Pedrosa no comentário ao texto de Jaime Nogueira Pinto que "Aceitação é outra palavra caída em desuso, porque na voragem em que escolhemos des-existir a confundimos com resignação ou desistência – e é rigorosamente o seu contrário: só pode aceitar o que a vida lhe apresenta quem sabe quem é e o que quer".

Pois.

Mas se Inês Pedrosa pensar no que é o aborto e se comparar com o que acabou de escrever veria que não abortar é precisamente isso...aceitar.
Pelo contrário, abortar é a escolha do "des-existir"

Seria bom que Inês Pedrosa fosse até às últimas consequências do que escreveu e, por isso, concluísse que abortar é desistir, é não aceitar a vida tal como ela é com coisas imprevistas e indesejadas e que quem não está em condições de aceitar essa vida e esse amor deveria transferir essa oportunidade a quem o esteja.

Inês, já pensou nisso ?

sábado, 30 de julho de 2011

Quem nos rouba o tempo ?


O filósofo Blaise Pascal dizia que toda a infelicidade humana provém de uma única coisa: não sabermos estar quietos num lugar. Mas não foi apenas a quietude a tornar-se hoje em dia uma virtude fora de moda. Nós próprios nos tornámos uma espécie de “doentes de tempo”. Parece que temos de viver sete vidas num dia só, ofegantes, ansiosos, desencontrados e meio insones. Um desenvolvimento sereno do tempo não nos basta. Desde os horários dilatados de trabalho às solicitações para uma comunicação praticamente ininterrupta, entramos num ciclo sôfrego de atenção, atividade e consumo. «Despacha-te, despacha-te» é o comando de uma voz que nos aprisiona e cujo rosto não vemos. «Despacha-te para quê?». Talvez, se tivéssemos de explicar as razões profundas dos nossos tráficos em vertigem, nem saberíamos dizer. E também disso, desse vazio de respostas, preferimos fugir.

Quem nos rouba o tempo? Um investigador social americano, Alec Mackenzie, divertiu-se a construir uma lista de “ladrões de tempo” e chegou à conclusão que os mais perigosos são aqueles interiores, os que nós próprios incorporamos. É claro que há uma quantidade impressionante de “ladrões exteriores”: o modo leviano como nos interrompemos uns aos outros com trivialidades; os telefonemas que chovem e se prolongam por coisa nenhuma; os compromissos e obrigações sociais de mero artificialismo; as reuniões sem uma agenda preparada em vista de objetivos… Mas os “ladrões” mais devastadores são os que atuam por dentro quando, por exemplo, as nossas próprias prioridades aparecem confusas e flutuantes; quando somos incapazes de traçar um plano diário ou mensal e ser fiel a ele; quando as responsabilidades estão mal repartidas e se resiste a delegar; quando não conseguimos dizer um não, com simplicidade; quando nos deixamos envolver numa avalanche de ativismo e desordem ou nos acomete o problema contrário: um perfecionismo idealizado que nos deixa paralisados.

A conquista de um ritmo humano para a vida não acontece de repente, nem avança com receitas de quatro tostões. Também aqui estamos perante um caminho de transformação que cada um tem de fazer e nos pede verdade, aprendizagem e renúncia. A primeira renúncia é àquela da obsessão pela omnipotência. Temos de ter a coragem de perceber e aceitar os limites, pedir ajuda mais vezes, e dizer “basta por hoje” sem o sentimento de culpa a martelar. A insegurança provocada pela velocidade a que tudo se dá, leva-nos a ter medo de apagar a luz ou de arrumar os papéis para continuar amanhã. Precisamos, por outro lado, aprender a planificar com sabedoria o dia a dia, hierarquizando as atividades, e concentrando melhor a nossa entrega. Precisamos aprender a racionalizar e a simplificar, sobretudo as tarefas que se podem prever ou se repetem. E ganhar assim tempo para redescobrir aqueles prazeres simples que só a lentidão nos faz aceder. São tão belos certos instantes de recolhimento e de pausa em que o nosso olhar ou o nosso passo se deslocam sem ser por nada, numa gratuidade que apenas cintila, reacendida.

José Tolentino Mendonça
In Diário de Notícias (Madeira)
26.07.11

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Amor é uma "extrema atenção"


Quando nos conhecemos – a Zezinha e eu – em 1970, ainda líamos escritores franceses, víamos filmes italianos e Portugal ia do Minho a Timor. Na Faculdade de Direito de Lisboa todos éramos revolucionários e militantes; todos – fascistas, comunistas e até democratas tout court – pensávamos em mudar o mundo e achávamos que isso era a coisa mais importante das nossas vidas. Por isso éramos, coerentemente, radicais.

Conhecemo-nos por causa disso – da política, da militância política. Fomos, em separado, mas mais ou menos na mesma altura, sujeitos a julgamentos maoístas. O meu passou-se no Bar das Letras, de que eu era frequentador regular, como aliás muita gente de Direito. Durou umas duas horas, num diálogo com altos e baixos, que começou com um requisitório acusativo, inspirado em princípios universais, e acabou numa discussão de fundo: se eu, sendo de Direito, podia ou não estar ali. O júri eram as frequentadoras do bar, todas habituées, que acabaram por ficar do meu lado, o que levou o tribunal a retirar em confusão.

(...)

Esta identidade circunstancial, comunicada por amigos comuns, criou em nós alguma curiosidade mútua. E um dia – 12 de Março –, também por causa de um abaixo-assinado político, fui a casa dela, no Campo Grande. Ficámos três horas à conversa, eu a fumar e a sujar uns pequenos cinzeiros de prata que o meu futuro sogro estimava particularmente. Liguei-lhe outra vez em Maio, depois da morte do meu pai. Encontrámo-nos na Faculdade e fomos a pé da Cidade Universitária até ao Restauração. E voltámos, também a pé. Nesse Verão jantámos três vezes em Cascais e no Outono começámos ‘a andar’ ou a namorar.

Casámos em 27 de Janeiro de 1972 e a morte separou-nos no dia 6 de Julho de 2011. Líamos escritores franceses. Um dos meus preferidos chamava-se Jean-René Huguenin. Tinha um livro único, La Côte Sauvage, e uma frase de que nós, adolescentes, gostávamos e com a qual concordávamos: «L’amour n’est qu’une extrème attention».
Foi essa extrema atenção que procurámos praticar entre nós e estender à pequena tribo que fomos criando: filhos, netos, amigos. Descobrir, perceber, antecipar o que o outro quer, o que lhe faz falta, o que o vai alegrar. E evitar e prevenir o que o pode magoar ou fazer-lhe mal. A Zezinha tinha essa extrema atenção, até ao pormenor. A nossa amiga Nélida Piñon disse-lhe uma vez: «Você é uma provedora».

Era uma provedora. Organizava os nossos espaços com um amor e uma aplicação inteligentes, pensando-os em função de nós, dos utilizadores. Sempre. Há algum tempo que achávamos o nosso quarto tristonho. Um mês antes de morrer, a Zezinha mudou-o – paredes, cortinas, luzes, tudo. E acabou a decorar um jardim para as crianças, na Quinta.

Mas tinha havido outras ‘atenções’, mais extremas e mais difíceis: a Zezinha nunca discutiu nem pestanejou quando se tratou de me seguir naquilo que eu entendia ser o preço das ideias e da fidelidade a elas.

Primeiro para o serviço militar voluntário em Angola, logo depois do 25 de Abril, com os mandados de prisão, a clandestinidade e o exílio que implicou. Foi um soldado corajoso, pronto, suportando com estoicismo e bom humor as consequências de ‘viver perigosamente’.

Foi assim que fomos daqui para Angola, de Angola para a Namíbia e para a África do Sul, da África do Sul para o Brasil, do Brasil para Espanha, ao sabor dos lances da desfortuna e da sobrevivência com dignidade. Quase sem dinheiro, ajudas ou o que quer que fosse.

Ela era uma menina bem-nascida, mas passou a salto fronteiras, foi para a fila da sopa no campo de refugiados em Culinnan (donde nos tirou, a mim e ao Alfredo Aparício, homens feitos e aguerridos) e aceitou empregos de sobrevivência a vender enciclopédias no Rio.


(....)

A Zezinha iniciou uma longa carreira profissional e política, partindo da estaca zero. Serviu as instituições, o Estado, as pessoas, animada pelo serviço público, sem cuidar dos governos desde que lhe dessem independência e autonomia para cumprir as suas funções. Tinha o sentido do bem público, trabalhava com inteligência, com disciplina, com aplicação, com competência e com humanidade. Sabia fazer equipas, chefiá-las, entusiasmá-las.

Tomava decisões e cumpria-as. Como aqui lembrou o António-Pedro Vasconcelos, não atirava as coisas difíceis para a gaveta. Mesmo nas piores situações, dava a cara. Numa instituição pública onde teve de despedir muitas dezenas de trabalhadores falou com eles um por um, interessou-se pelo seu futuro, procurou ajudá-los quanto pôde. Era assim, provedora e cuidadora.

Numa outra fase deste serviço, veio a política. Não já aquela política ideal da adolescência, de franco-atiradores no terreno, mas a política arte ou ofício do possível, ou da escolha entre inconvenientes.

Foi desafiada pelo Manuel Monteiro e pelo Paulo Portas que, na altura, estavam a refundar o CDS-PP, como partido menos ‘centrista’ e mais nacional, solidarista e popular.

Discutimos muito essa opção. A Zezinha pensava que era o modo – e o modo possível – de servir as suas ideias e convicções na forma canónica da política, agora partidária; e que, com independência de juízo e na razão prática dos resultados, podia e devia fazê-lo. Eu tinha dúvidas mas respeitei a vontade dela.

Fê-lo, e fê-lo bem. Teve sempre uma capacidade e um gosto de se relacionar com as pessoas. Porque gostava delas, porque se punha na pele delas, porque procurava ‘a verdade’ de cada uma delas.

Tinha, naturalmente, o sentido evangélico de atenção aos pobres, aos mais abandonados, aos mais desagradáveis, àqueles que ninguém queria. Neles, via o próximo, a imagem de Cristo. Não sei se isso é uma qualidade ou um contra na política, mas ela era assim.

Porque era inteiramente livre, independente, desprendida, até materialmente (mesmo quando pouco tínhamos de nosso, fomos assim).

Estava na política a dizer a verdade, o que pensava, o que sentia, mesmo nas situações mais críticas. Uma pessoa assim corre inúmeros riscos na vida política à portuguesa – que implica tabus, tácticas, conveniências, reserva mental, mais artes de raposa e de serpente que rasgos de leão ou voos de falcão. E os seus adversários (em homenagem a ela uso o termo ‘adversários’ em vez de ‘inimigos’) sabiam usar isso e provocá-la. Desafiada, saía a terreno descoberto onde poderiam abatê-la.

As suas ideias políticas iam sempre ter a uma fonte metapolítica – um cristianismo exigente, ortodoxo, onde a letra da lei procurava sempre o espírito do Sermão da Montanha. Não tinha nada a ver com o cristianismo bonzinho e fácil da porta larga, mas ainda menos com o dos que se sentem senhores das portas do Céu e em nome desse senhorio excluem e desprezam os ‘indignos’.

Essa fé viva, animada por uma oração e uma prática constantes, inspirava o seu pensamento social, uma exigência funda de justiça que não era a caridade bem ordenada e doseada dos convidados ociosos da existência, nem a solidariedade dos tecnocratas do ‘combate à exclusão’.

Era um justicialismo exigente, um cristianismo social, em que procurava servir o próximo, no realismo do estudo das situações de pobreza e de carência que conhecia e procurava conhecer de perto – como directora da Maternidade Alfredo da Costa, como provedora da Santa Casa da Misericórdia, como vereadora da Câmara de Lisboa.

Era a sua forma realista, prática, política, de pôr de pé aqueles sonhos justicialistas da nossa adolescência nacional-revolucionária, alimentada na Política, na Cidadela, nos textos dos nossos mártires políticos, da nossa utopia de Cidade Perfeita, pelo menos tão generosa e tão quimérica como qualquer uma das outras.

Outra utopia da nossa adolescência – a do Império português fraternal, o quinto império multiracial de quatro continentes – reconverteu-a e ajudou-me a reconvertê-la numa paixão profunda pelo mundo que ela conhecera português e que continuou a amar nessa África lusófona e difícil, onde tantos amigos profundos fizemos, entre velhos conhecidos e ex-inimigos.

Estes últimos meses, com um diagnóstico equivalente a uma sentença de morte – pelo menos à luz do estado das ciências médicas que ela respeitava –, mostraram, numa terrível prova de fogo, o que já sabíamos: que nela a teoria era verdade e coerência, que era capaz de viver e de morrer de acordo com os princípios e as normas que proclamara como certos.
Primeiro, não teve medo. Aliás, em toda a vida nunca lhe vi medo, senão quando alguma coisa de grave ameaçou os nossos filhos. Aqui também não. O Cristo das Bem-Aventuranças em que sempre acreditou, o amigo de Lázaro, não a abandonou. Fez tudo o que tinha de ser feito para tratar-se, submeteu-se disciplinada e animosamente à dureza dos tratamentos, à procura de alternativas. Com uma serenidade, uma doçura, uma preocupação de não nos preocupar ou sequer de nos ocupar muito.

Foi estóica e heróica, mas a sorrir, lúcida, sem ressentimento nem revolta, aceitando o que achava que agora lhe era exigido. E mantendo todas as rotinas da normalidade, das suas ocupações: indo ao Parlamento, fazendo campanha eleitoral, estando nos debates da televisão, na rádio, nos jornais, nas instituições onde colaborava, com toda a normalidade.

Quando nos conhecemos e nos primeiros anos de casados jogávamos muitos jogos – de cartas, o Risk ou jogo da Guerra, o Monopólio, a Bolsa. E às vezes também, por curiosidade, a mãe de todos esses jogos – o Jogo da Glória, originalmente o Gioco dell’Oca ou Jeu de l’Oie. Tínhamos, vinda não sei donde, uma versão d’Épinal, com bonecos do século XIX, que desapareceu.O jogo tem 63 casas com prémios e penalidades e, para ganhar, é preciso acertar mesmo na casa 63. Na casa 58 está a morte – e quem, ao chegar perto do fim, lá cai, tem de voltar ao princípio.

As minhas filhas dizem-me que a Zezinha queria deixar um ‘jogo da glória’ da sua autoria, para eu interpretar. Não apareceu, por enquanto. Mas vou, com ‘extrema atenção’, interpretar os sinais que ela deixou nestas 59 casas.

Jaime Nogueira Pinto

Fonte do texto: Sol de 20 de Julho de 2011
Fonte da foto: Caras

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dado sobre início na relação sexual confunde

O uso da média de idade de início das relações sexuais pode confundir os jovens, afirma um estudo da Universidade de Navarra.


A pesquisa do Instituto Cultura e Sociedade (ICS) analisou dados de 7.011 jovens de El Salvador, Peru e Espanha.


Segundo concluiu a equipe, pode causar confusão utilizar a média de idade de início das relações sexuais entre os jovens, porque esta se costuma calcular só levando em conta aqueles que tiveram relações sexuais.


Por outro lado, a proporção de jovens em cada grupo de idade que já são sexualmente ativos é uma medida que leva em conta tanto os que tiveram relações sexuais como aqueles que não tiveram, em cada idade, e por isso é uma maneira mais clara de dar essa informação à população.


É o que afirma o estudo Mean age of first sex. Do they know what we mean?, publicado recentemente na revista médica Archives of Sexual Behaviour.


De acordo com os resultados – comenta o Dr. Jokin de Irala – “diversas pesquisas e estudos costumam empregar a idade média de início das relações sexuais quando informa da atividade sexual juvenil. Esses dados podem ser interpretados como se a maioria dos jovens dessa idade já estivessem sexualmente ativos, quando na verdade isso é incerto”.


Por exemplo” – prossegue o coordenador da pesquisa –, “a média de início das relações sexuais na Espanha é de 16 anos. No entanto, a proporção de jovens sexualmente ativos aos 16 anos é de 22%”.


“A importância desse dado está em que os organismos internacionais de saúde pública estão tentando atrasar a idade de início de relações sexuais nos jovens e esta confusão pode entorpecer seu trabalho”, disse.


Por isso, os pesquisadores recomendam falar da sexualidade juvenil levando em conta a proporção de jovens de cada idade sexualmente ativos, “e não as médias de idade, que podem confundir os jovens”, enfatiza o doutor Irala.


Este estudo se enquadra no projeto YOURLIFE, dedicado à análise dos estilos de vida e à opinião dos jovens acerca das relações, do amor e da sexualidade.


Em seu desenvolvimento, contou com a colaboração do Intermedia Consulting (Itália), Concultura (El Salvador), da Universidade de Piura (Peru) e do Governo de Navarra.

Daqui.
Artigo disponível aqui.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A propósito do massacre de Oslo, recordar Colombine e Rachel Scott


A propósito do massacre de Oslo, convém relembrar o massacre que inaugurou esta onde de matanças indiscriminadas, em particular junto dos mais jovens.

Estou-me a referir ao massacre de Colombine, nos EUA, em 1999.

Por curiosidade, também aí e à semelhança do assassíno de Oslo, os autores desses ataques eram jovens desintegrados socialmente, oriundos de famílias destruídas pelo divórcio ou pela instabilidade.

Também em ambos os casos, verifica-se, por parte dos assassinos, o recurso abusivo a jogos de computador violentos.

É também bom recordar que a 1ª vítima de Colombine e desta série negra de massacres foi Rachel Scott, uma das melhores alunas do Condado e uma rapariga que era, em tudo, a antítese dos seus assassinos.

O diário que nos deixou, o esforço dos seus pais, devotos cristãos evangélicos, no sentido de retirar da morte vida é um exemplo extraordinário.

Aqui, aqui e aqui ficam alguns sites sobre esta jovem a consultar e a meditar pelo exemplo de que, até de um mal terrível, se pode extrair uma lição de vida e um bem que sirva de paradigma para outros jovens.

P.S.- Entretanto, parece que está confirmado que o assassino de Oslo era mesmo membro da Maçonaria Norueguesa.

The Ethics of Abortion: Women's Rights, Human Life and the Question of Justice’



Ver algumas páginas do livro aqui.


Os defensores do direito ao aborto costumam criticar os que apoiam a vida por supostamente tentar impor suas crenças religiosas aos demais. Ainda que a religião proporcione ao debates sólidos argumentos, estes não são apenas religiosos, como destaca um livro de recente publicação. Christopher Kaczor, em ‘The Ethics of Abortion: Women's Rights, Human Life and the Question of Justice’ (A Ética do Aborto: Direitos das Mulheres, Vida Humana e a Questão da Justiça) (Editora Routledge), toma uma postura filosófica perante o aborto e explica por que não é justificável.


Um dos pontos chave que Kaczor enfrenta é: quando se começa a ser pessoa. Alguns defensores do aborto sustentam que se pode distinguir os humanos das pessoas. Um exemplo dado é o de Mary Anne Warren, que oferece critérios para se levar em conta antes de dizer de alguém que ele é uma pessoa.
Ela propõe que as pessoas têm consciência dos objetos e dos acontecimentos e a capacidade de sentir dor. Têm também a força da razão e a capacidade para atividade auto-motivada, junto à capacidade de comunicação.


Como resposta a tais argumentos, Kaczor assinala que, usando tais critérios, seria difícil sustentar razões contra o infaticídio, posto que um bebê recém-nascido não cumpre tais critérios.
Por outro lado, não deixamos de ser pessoas quando estamos dormindo ou sedados em uma operação cirúrgica, ainda que nesses momentos não sejamos conscientes nem estejamos em movimento. De igual forma, quem sofre de demência ou os deficientes não satisfazem os critérios de Warren para ser pessoas.


Uma questão de lugar


Outro posicionamento para justificar o aborto é o que se baseia na localização, quer dizer, se se está fora ou dentro do útero. Kaczor afirma que a pessoa vai muito além da simples localização. Se admitimos este argumento, segue-se que, quando há uma fecundação artificial fora do útero, o novo ser teria o status de pessoa, mas logo o perderia quando fosse implantado, voltando a ganhá-lo quando saísse do útero.


Há também casos de cirurgia fetal aberta, procedimento em que o feto humano é extraído do útero. Se determinarmos o ser pessoa por uma existência fora do útero, nos veríamos na inverossímil situação de que em tais casos o feto é uma ‘não-pessoa’, que depois passa a ser ‘pessoa’, para depois voltar a ser ‘não pessoa’, já que retorna ao útero, para depois tornar-se ‘pessoa’, quando nascer.


Excluindo portanto a localização como critério para ser considerado pessoa, Kaczor discute a questão de se a condição de pessoa se estabelece em algum ponto entre a concepção e o nascimento. Ele observa que a viabilidade, quer dizer, se o feto no útero é potencialmente capaz de viver fora do ventre materno, era citada pelo Supremo Tribunal dos EUA no processo ‘Roe v. Wade’ como um modo de determinar se os fetos humanos merecem alguma proteção legal.
Contudo, segundo Kaczor, esta postura tem seus problemas. Por exemplo, os gêmeos unidos dependem em ocasiões um do outro para viver e, ainda assim, ambos são considerados pessoas.
A viabilidade também estabelece um problema, porque nos países ricos, com avançados cuidados médicos, os fetos se tornam viáveis antes que nos países pobres. E os fetos femininos são viáveis antes que os masculinos. As diferenças de sexo e de riqueza deveriam influir em quem é pessoa ou não?


Outra ideia é considerar que a capacidade de sofrer dor ou desfrutar do prazer é o que poderia marcar o começo do direito à vida, continua Kaczor. Isso tampouco é suficiente, pois exclui os que estão sob anestesia ou em coma. Ademais, alguns animais têm esta capacidade.


Ética ‘gradual’


A resposta pró-abortista às críticas anteriores adota a forma do ponto de vista ‘gradual’. Kaczor explica que isso consiste em sustentar que o direito à vida aumenta em força de modo gradual conforme se desenvolve a gravidez, e quanto mais similar um feto é de uma pessoa como nós, maior proteção deveria ter.


No entanto, Kaczor observa que há uma diferença entre o direito à vida e o restante dos direitos. Há restrições de idade para votar, dirigir ou ser eleito para um cargo público. Isso acontece porque o direito em questão exige uma capacidade para assumir as responsabilidades implicadas.


Pelo contrário, o direito à vida não contém implicitamente nenhuma responsabilidade e, por isso mesmo, pode ser desfrutado sem ter em conta a idade ou as capacidades mentais.


Outro problema da postura ‘gradual’ é que o desenvolvimento humano não termina com o nascimento. Se o status moral se vincula ao desenvolvimento psicológico, matar alguém de 14 anos iria requerer uma justificativa maior que matar um de 6.


Kaczor afirma que o erro desses argumentos nos leva à conclusão de que, se não há diferenças eticamente relevantes entre os seres humanos em suas diversas etapas de desenvolvimento que faça com que alguém não seja uma ‘pessoa’, a dignidade e o valor de uma pessoa não começa depois de seu nascimento, nem em momento algum de sua gestação. Todo ser humano é também uma pessoa humana.


A história nos apresenta muitos exemplos da necessidade de respeitar todo ser humano como pessoa portadora de dignidade. Kaczor argumenta que em teria ninguém atualmente, ao menos no Ocidente, defenderia a escravidão, a misoginia ou o antissemitismo.


A pessoa começa com a concepção?


Segundo Kaczor, essa questão não é a princípio moral, mas científica. Ele cita textos científicos e médicos que afirmam que com a concepção há o início de nova vida humana e uma mudança fundamental com a criação de um ser com 46 cromossomos.


Após a fecundação não há presença de nenhum agente exterior que mude o organismo recém-concebido em algo que seja diferente. Pelo contrário, o embrião humano se auto-desenvolve para futuras etapas.


“Fazendo uma analogia, o embrião humano não é um mero modelo detalhado da casa que se construirá, mas uma casa minúscula que se faz cada vez maior e mais complexa, através de seu auto-desenvolvimento ativo para a maturidade”, esclarece o autor.


Após isso, os últimos capítulos do livro analisam alguns argumentos utilizados pelos defensores do aborto. Examina-os um por um, mostrando suas debilidades.


Por exemplo, tem-se sustentado que, posto que nas primeiras etapas há a possibilidade de que haja uma divisão em dois irmãos, o embrião não é um ser humano individual. Kaczor rebate isso dizendo que, ainda que se possa dividir em dois seres, isso não significa que não seja um ser individual.


Ele comenta que a maioria das plantas pode dar lugar a mais plantas individuais, mas isso não significa que uma planta não possa ser uma planta individual e diferente.


O autor analisa também alguns casos difíceis como as gravidezes resultado de violação ou incesto. A personalidade do feto, insiste Kaczor, não depende da forma como foi concebido. “És o que és, sem importar as circunstâncias de tua concepção e nascimento”, afirma.


O livro de Kaczor, como uma argumentação sólida, contém muitos raciocínios cuidadosamente elaborados, o que o torna uma valiosa fonte de inspiração para os que lutam por defender a vida humana.


"Doing Better for Families"

"Doing Better for Families" - A consultar aqui.
Recomendações para Portugal, aqui.


A família é a pedra fundamental da sociedade e o melhor instrumento para o bem-estar dos indivíduos.


Estas afirmações são comuns nas fontes católicas, baseadas na antropologia cristã. Mas não é tão comum ouvi-las no mundo laico.


Porém, um relatório recente da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) reproduziu precisamente estas afirmações.


Em nota para a imprensa a propósito do relatório, publicada em 27 de abril, a OCDE afirma que as famílias são uma fonte essencial de apoio econômico e social para as pessoas, além de instrumento crucial de solidariedade.


“As famílias proporcionam identidade, amor, cuidado, alimento e desenvolvimento para os seus membros e formam o núcleo de muitas redes sociais”.


O relatório, intitulado “Garantir o Bem-Estar das Famílias”, reconhece ainda que a pobreza está aumentando nas famílias com filhos em quase todos os países membros da OCDE.


Os pais também têm dificuldades para combinar o trabalho com os compromissos familiares. O relatório pede que os governos adotem políticas de apoio às famílias, dando assistência e ajuda econômica mediante iniciativas como mais flexibilidade laboral para os pais. Segundo a OCDE, o gasto público médio em auxílios familiares representa pouco mais que 2,2% do PIB nesse grupo de países.


Uma das áreas em que poderia ser feito mais é a do incentivo à natalidade. Muitas famílias querem mais filhos, aponta o relatório, e em vários países as pessoas têm menos filhos do que gostariam.


As taxas de natalidade dos países da OCDE caíram significativamente nas últimas décadas, chegando hoje a 1,7 filhos por mulher.


Países com nível mais alto de fertilidade dão mais apoio aos nascimentos, tanto através de pagamentos em dinheiro quanto por meio de serviços para as famílias com filhos pequenos. As políticas de trabalho de tempo parcial para as mães também ajudam as famílias a harmonizar com mais eficácia o emprego e o cuidado dos filhos.


Apoiar as famílias não traz resultados bons somente para os pais. “O bem-estar das crianças está ligado ao da família. Quando as famílias prosperam, as crianças prosperam”.


Pesquisa no Reino Unido


Um estudo recente no Reino Unido ressalta a importância da vida familiar. Foram publicados em fevereiro os resultados de uma pesquisa de 2009, feita em 40.000 domicílios pelo Institute of Social and Economic Research da Universidade de Essex.


O estudo abrange uma gama ampla de assuntos, mas um dos capítulos se concentra na família. Entre os resultados, os seguintes destaques:
- Casar torna os casais notavelmente mais felizes do que apenas morar juntos.
- A satisfação dos jovens com sua situação familiar é claramente ligada à qualidade das relações dos seus pais. Nas famílias em que a mãe não é feliz no relacionamento, só 55% dos jovens se dizem "completamente satisfeitos" com sua situação familiar, em contraste com 73% dos jovens cujas mães são "muito felizes" no relacionamento.
- Filhos de pais solteiros são menos propensos a se considerar plenamente felizes com a própria situação familiar.
- Crianças que não discutem com nenhum dos pais mais de uma vez por semana têm um nível de felicidade maior do que aquelas que têm discussões frequentes. A pesquisa também descobriu que a felicidade das crianças melhora quando elas conversam frequentemente sobre temas importantes com os pais.
- Também é importante jantar em família. As crianças que jantam com a família pelo menos três vezes por semana são mais propensas a se considerar plenamente felizes do que aquelas que vivem essa experiência menos de três vezes por semana.


Qualidade


Outro estudo recente, feito pela organização Child Trends e publicado nos Estados Unidos em 8 de abril, examina a influência exercida nas crianças pela qualidade do relacionamento de seus pais.


Com o título “Qualidade da Relação dos Pais e Resultados dos Filhos por Subgrupos”, o estudo analisa as respostas de mais de 64.000 pais com filhos de 6 a 17 anos.


A qualidade da relação dos pais é “associada de modo contínuo e positivo a uma série de resultados da criança e da família”. Esses resultados incluem problemas de comportamento, rendimento escolar e comunicação pais-filhos.


Segundo o estudo, as pesquisas dos últimos anos sugerem que as relações de mais qualidade dos pais tendem a propiciar, nos filhos, atitudes mais positivas para com o casamento, o que torna mais provável que eles próprios venham a ter casamentos de boa qualidade.


Elizabeth Marquardt, diretora do site FamilyScholars.org e autora de um livro sobre os efeitos do divórcio nos filhos, lamenta, a respeito deste estudo, a omissão quanto à influência do estado marital nas crianças.


Marquardt afirma que o aprofundamento das tabelas e das estatísticas sobre o tipo de relação familiar proporciona uma interpretação mais adequada dos resultados. Quando detalha o tipo de família, a enquete mostra que os enteados têm o dobro de probabilidade de apresentar problemas de comportamento em comparação com as crianças que moram com seus pais casados. Os problemas aumentam para as crianças que moram com casais amasiados: eles têm quase três vezes mais probabilidade de apresentar problemas de comportamento.


As diferenças de situação marital dos pais repercutem ainda em outros parâmetros, como as relações sociais e o comportamento escolar dos filhos.


Marquardt menciona também que os resultados do estudo mostram que a qualidade da relação entre os adultos depende do fato de estarem casados ou não. A maior estabilidade e durabilidade de um casal casado são de grande ajuda para os filhos.


O casamento é bom


Mesmo não sendo nova a notícia de que o casamento é bom tanto para os casais como para os filhos, ela continua sendo confirmada pelas pesquisas. No início do ano, o doutor John Gallacher e David Gallacher, da Faculdade de Medicina da Universidade de Cardiff, publicaram em artigo no BMJ Student.


Uma reportagem publicada no dia 28 de janeiro pelo jornal Independent analisava, partindo dos dados dos pesquisadores, se o casamento é bom para a saúde.


“A conclusão é que, medicamente falando, o grupo mais longevo é o dos casados”, comentou o Dr. Gallacher.


Seu trabalho fazia referência a um estudo que envolvia milhões de pessoas em sete países europeus. Mostrava que, em média, os casais casados vivem em média 10% a 15% mais.


Quando se trata das crianças, Kay S. Hymowitz, em um artigo publicado no Los Angeles Times no dia 11 de novembro, afirma que as relações instáveis são mais prejudiciais para as crianças do que a pobreza.


Hymowitz se baseava no material publicado na edição de outono da revista Future of Children. Os artigos da revista eram a conclusão de um estudo sobre 5.000 crianças nascidas em áreas urbanas, entre populações de minorias.


O estudo acompanhou crianças que nasceram no fim dos anos noventa. Ao nascer, a metade dos casais vivia junto, sem estar casado, ainda que declarasse a intenção de casar. No entanto, cinco anos depois, só 15% desses casais tinham se casado. 60% tinham rompido.


Muitas das famílias desfeitas tinham problemas econômicos, e os filhos tinham pouco contato com seu pai biológico.


O estudo mostra que as crianças com mães solteiras tinham mais problemas de comportamento do que aquelas com o pai e a mãe casados. Os problemas pioram quando há rupturas e novas relações.


Os governos responderão ao apelo da OCDE pelo aumento do apoio às famílias? O custo de não fazer isso é muito alto.

Daqui.

Criança de 10 anos com sindroma de down salva bébé de 24 meses

Grandma's CPR revives drowning toddler: wwlp.com




One Wilbraham family very nearly lost a toddler who fell in the pool, nearly drowned, and had to be revived.

It was a birthday pool party this family will never forget. Lianne Azevedo had 25 or 30 guests at her Bittersweet Lane home in Wilbraham Wednesday afternoon, when the joy turned to terror.

Azevedo told 22News she couldn't believe what she saw when her 12 year old daughter Sophia came up to her in the back yard. "And I turned, and she was holding my grand-baby. Limp and blue."

Certified in first aid, Lianne knew what to do almost instinctively.

"I put him on the ground, and I began CPR. And then he began to gurgle. And when he finally began to gurgle, I rolled him over, tried to get the water out of his lungs," Azevedo said.

This rescue was a family effort. Lianne's 12 year old daughter Sophia spotted the baby in the water after she was alerted by her 10 year old niece, Annie, who has Downs Syndrome.
Sophia Acevedo told 22News, "I jumped in and I grabbed him. I was just scared. I thought he was gonna die. I really thought he was dead at the time."

Azevedo said this situation serves as a stark reminder to anyone with a swimming pool to keep tabs on the kids, because they act fast. "He had just arrived, and someone was going to get his bathing suit. It was just (snap fingers) like that!"

The EMT's praised Lianne for her fast action that saved the little boy's life. Little Brady Dones was awake and alert when he went to the hospital, and he's expected to be okay.

Daqui

Como refere um comentador sobre esta história:
We know that 9 in 10 mothers who find that their child has Downs Syndrome choose to abort their children, but if they just knew how much of a blessing these children are, they would choose differently. If Annie Walsh wasn’t there, it is possible that the two year old toddler wouldn’t have been rescued in time.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cinema espiritual: Doonby um filme que defende a vida e recusa o aborto não encontra uma distribuidora no USA







"Doonby" é o novo filme do diretor Peter McKenzie, um thriller psicológico que narra a história de Sam Doonby, um misterioso homem que aparece em uma pequena cidade do Texas para evitar terríveis desgraças, e oferece como trama de fundo as interrogações que o aborto nos deixa.




Neste filme independente, que ainda não encontra distribuidora nos Estados Unidos, Sam Doonby é interpretado pelo ator John Schneider. A sua personagem chega num autocarro a Smithville e logo se faz famoso por causa do seu talento musical.




Sam parece estar sempre no lugar certo no momento adequado para prevenir possíveis desastres, mas devido à inveja e a desconfiança de alguns, começam a indagar sobre o seu passado e terão muitas surpresas.




Os seus produtores afirmam que o filme é uma mistura de "Sexto Sentido" e a clássica "A felicidade não se compra" (It’s a wonderful life).




Mackenzie, director, pensou rodar Doonby há mais de 15 anos e assegura que a sua intenção é que as pessoas se interroguem sobre como a vida de cada pessoa pode afectar os que estão à sua volta.




No filme estreia-se como atriz em um pequeno papel, Norma McCorvey, a mulher que impulsionou a despenalização do aborto nos Estados Unidos tomando o nome de Jane Roe no famoso litígio Roe vs. Wade, e logo se converteu numa defensora da vida e abraçou o catolicismo. Conforme informou The Hollywood Reporter, McCorvey actua como uma anciã que aconselha uma jovem grávida a não abortar.




Completam o elenco de Doonby actores como Jenn Gotzon, Ernie Hudson, Robert David e Joe Estevez.








Texto daqui.

Grã-Bretanha: nova eugenia de bebés com deficiências

Aborto até em caso de palato fendido


O governo britânico acaba de tornar pública uma inquietante série de informações sobre abortos tardios e eliminação de bebês com deficiências: na Inglaterra e em Gales, são abortados até bebês com palato fendido, pé torto e síndrome de Down.


Segundo a BBC (4 de julho), conseguir essas estatísticas não foi fácil. Em 2003, o Departamento de Saúde decidiu suspender a publicação de informação sobre abortos tardios, depois de protestos generalizados contra os abortos de bebês com palato fendido.


Com base na legislação sobre a liberdade de informação, a ProLife Alliance solicitou detalhes sobre esse tipo de aborto. O Departamento de Saúde negou-se a dar informações, e só com ordem do Tribunal Supremo tornou os dados finalmente públicos.


O site do Departamento de Saúde revela abortos realizados por causa de defeitos genéticos ou deficiências e abortos feitos em meninas com menos de 16 anos.


Em nota à imprensa (4 de julho), a ProLife Alliance se disse satisfeita com a publicação dos dados, que havia solicitado em fevereiro de 2005.


A satisfação não é compartilhada por Ann Furedi, diretora executiva do British Pregnancy Advisory Service, que faz os abortos. “A publicação dessas estatísticas depois de uma campanha do lobby anti-aborto é mais um passo no desejo deles de vingança”, afirmou à BBC.


Discriminação dos deficientes


Em 2010, 482 bebês com síndrome de Down foram abortados. Dez com mais de 24 semanas. Outros 181 foram abortados devido ao histórico familiar de doenças hereditárias. Em total, houve 2.290 abortos em 2010 por problemas genéticos ou deficiências. Destes, 147 depois da 24ª semana de gestação.


Em declaração pública, a Sociedade para a Proteção das Crianças Não Nascidas (SPUC) manifestou preocupação com os dados sobre os abortos.


Anthony Ozimic, diretor de comunicação do SPUC, comenta: “Entre 2001 e 2010, o número de abortos por deficiências aumentou um terço, 10 vezes mais que os abortos em geral. É claro que o aborto legal é um sistema que discrimina, de modo fatal, os deficientes”.


A Inglaterra e Gales não são os únicos lugares em que ocorre a eliminação seletiva. Cerca de 6.000 crianças com síndrome de Down nascem por ano nos Estados Unidos. O número se reduziu desde a generalização do diagnóstico pré-natal.


Houve uma queda de 11% entre 1989 e 2006, período em que se esperava aumento, segundo reportagem da Associated Press (12 de junho) sobre o diagnóstico pré-natal.


Houve ainda um importante número de abortos em meninas menores de idade na Inglaterra e em Gales. Em 2010, foram 3.718 abortos em menores de 16 anos. Os números mostram 2.676 abortos em idades de 14 a 15 anos, 906 de 13 a 14 anos, 134 de 12 a 13 anos, e dois em menores de 12 anos. No período 2002-2010 houve em total 35.262 abortos em menores de 16 anos.


As últimas informações não são a única causa de preocupação sobre o aborto na Inglaterra e em Gales. O número de abortos aumentou 8% na última década. Em comunicado no dia 24 de maio, o Departamento de Saúde afirmou que o número total de abortos em 2010 foi de 189.574, 8% a mais que em 2000 (175.542).


O índice de abortos ficou acima de 33 por 1.000 mulheres entre 19 e 20 anos. As mulheres solteiras representam 81% de todos os abortos. Em geral, 91% dos abortos foram feitos antes da 13ª semana de gestação, com 77% antes da 10ª semana.


Os abortos médicos, ou seja, feitos com o uso de medicamentos, somam 43% do total, notável aumento em comparação com 2000, quando eram 12%.


Micaela Aston, da organização Life, expressa preocupação com a tendência das mulheres a fazer a abortos tão cedo: “É vital dar tempo às mulheres para pensar nas opções. Dados de outros países sugerem que períodos de ‘esfriamento’ antes do aborto podem reduzir essa prática, já que as mulheres e as famílias têm mais tempo para considerar as opções” (Telegraph, 24 de maio).


Reincidências


O relatório do Departamento de Saúde aponta aumento na quantidade de mulheres que reincidem no aborto. Em 2010, 34% das mulheres que abortaram já tinham abortado antes. É uma porcentagem 30% maior que a de 2000.


Estudo recente sublinha os perigos de um alto número de abortos em idade jovem, ou de ter abortos múltiplos. Pesquisas com um milhão de gravidezes na Escócia durante 26 anos mostraram que as mulheres que abortaram têm mais probabilidades de um parto prematuro e outras complicações.


Segundo reportagem do Times (5 de julho) sobre estas pesquisas, as mulheres que abortaram têm 34% a mais de probabilidades de um filho com nascimento prematuro do que as grávidas pela primeira vez.


O número sobe para 73% nas mulheres que têm o segundo filho, quando normalmente elas deveriam ter risco menor de parto prematuro.


Sohinee Bhattacharya, da Universidade de Aberdeen, dirigiu a pesquisa, ainda em etapa preliminar e não publicada.


O risco de dar à luz antes do tempo aumenta notavelmente se uma mulher tiver tido mais de dois abortos. Uma em cada cinco mulheres que tiveram quatro abortos dará à luz antes das 37 semanas, em comparação com menos de uma em cada 10 mulheres que tiveram um só.


Bhattacharya explica que o risco de um nascimento prematuro é de cerca de 6%, enquanto que em mulheres que tiveram um aborto eleva-se a 10%.


Apesar de que o número de mulheres que se verão afetadas por isso é relativamente pequeno, Josephine Quintavalle, da ProLife Alliance, declarou ao Times que isso traz evidências sólidas do impacto do aborto na saúde.


“Independentemente da postura de alguém quanto à moralidade do aborto, é mais que evidente que deveria ser uma parte essencial dos protocolos de consentimento informado alertar as pacientes sobre os riscos muito reais de sofrer abortos não desejados no futuro”, assinala.


Consciência moral


No dia 26 de fevereiro, Bento XVI se dirigiu aos membros da Pontifícia Academia para a Vida, que tinham se reunido para seu encontro anual. Um dos temas tratados foi o trauma sofrido pelas mulheres que tiveram um aborto.


O Papa assinalou que a dor psicológica vivida pelas mulheres que abortaram “revela a voz insuprimível da consciência moral e a ferida gravíssima que ela padece cada vez que a ação humana atraiçoa a vocação inata ao bem do ser humano, que ela testemunha”.


Ele também criticou os pais que deixam sós as mulheres grávidas. Segundo Bento XVI, estamos em um momento cultural em que houve um eclipse do sentido da vida, que debilitou a percepção da gravidade do aborto. Não há melhores evidências disso que os últimos dados da Grã-Bretanha.


Daqui.

domingo, 24 de julho de 2011

O estado da adoção em 2010


Em Portugal existem actualmente pouco mais de 500 crianças em condições de ser adoptadas, mas são mais de dois mil os processos de candidatos a futuros pais. De acordo com os últimos dados do Instituto de Segurança Social (ISS), desde Junho de 2006 até Abril deste ano foram adoptadas em Portugal 2.022 crianças. Ou seja, todos os anos 404 menores encontraram uma nova família.

Conseguir adoptar uma criança pode chegar a demorar vários anos, mas nem por isso quem sonha ter um filho deixa de tentar a sua sorte por esta via, quer esteja sozinho ou acompanhado. Em Abril deste ano existiam 1.879 candidaturas de casais e 385 individuais. No mesmo mês, em condições de serem adoptados estavam apenas 532 menores.

O processo de adopção não é simples: é preciso cruzar o perfil da criança com o dos futuros pais para garantir que as expectativas não são goradas. Os casos de crianças que depois de serem adoptadas são devolvidas às instituições são “residuais”, mas fonte do ISS sublinha: “Por menos casos que existam, a situação é sempre bastante lesiva para a criança, por isso basta existir um para nos preocuparmos”.

A maioria dos futuros pais sonha em adoptar um bebé órfão mas muitas das crianças em condições de adoptabilidade são meninos “marcados por histórias de vida bastante complicadas”, explicou à Lusa fonte do ISS.

Para tentar reduzir os casos de insucesso e garantir que os “pais” estão aptos, o ISS lançou no final de 2009 um Plano de Formação para a Adopção, que começa com sessões de formação (sessão A) a todos os que ainda estão a pensar se querem ou não adoptar uma criança.

O relatório do Departamento de Desenvolvimento Social do ISS de 2010 sublinha um facto “curioso”sobre as sessões com possíveis interessados: “Constata-te que houve um maior número de pessoas interessadas no processo de adopção no período que sucede ou precede o período de férias”. Ou seja, “foi em Setembro que se verificou maior número de sessões”.

Depois, da primeira para a segunda fase (sessão B), em que o casal ou pessoa individual decide realmente avançar com o processo, o número de “candidatos” desce quase para metade. De acordo com o relatório, participaram na sessão A 1.629 formandos, enquanto na sessão B participaram cerca de 770.

O ISS explica que este plano de formação foi criado precisamente para garantir que as pessoas que estão inscritas nas listas de espera não vão desistir da criança à primeira contrariedade.
Fonte: Público

Feira de Verão de solidariedade social a 7 de Agosto

Com o objectivo de sensibilizar a comunidade para oprincípio da Solidariedade e para a Acção de Voluntariado, diversas Instituições de Solidariedade Social Sem FinsLucrativos, sedeadas na área de Lagos uniram esforços para realizaruma iniciativa conjunta, por forma a transmitir à comunidade Algarvia quetrabalham juntas para um mesmo objectivo: Ajudar e apoiar a comunidade nas maisdiversas vertentes!

Esta iniciativa irá traduzir-se numa Feira de Verão, queirá realizar-se no dia 7 de Agosto deste ano,das 10h00 às 16h00, no Mercado do Levante, em Lagos, onde irão serangariados fundos para acções de solidariedade.



Apresentação das Instituições de Solidariedadeorganizadoras deste evento:

Pat Allen, uniu-se a esta iniciativa com o principalobjectivo de angariação de fundos e da conscencialização da necessidade deapoio aos Bombeiros Voluntários de Lagos.Após consultar o Corpo de Bombeiros e o Capitão, sobre qual o equipamento emfalta do qual eles mais necessitavam, Pat Allen, contribuiu com diversoequipamento de protecção para os Bombeiros de Lagos: luvas



e fatos de protecção, capacetes com iluminação e diverso equipamento deprimeiros socorros para as ambulâncias. Pat Allen deseja continuar a apoiar osBombeiros Voluntários de Lagos e o importante trabalho que eles desenvolvem nanossa comunidade.


A Associação Madrugada,sediada na Praia da Luz, Lagos, que tem como missão, disponibilizar Cuidados Paliativos em final de vida. Osserviços de Cuidados Paliativos que a Associação Madrugada presta, dão aalternativa ao doente de receber tratamento e apoio no conforto do seu lar. Nestemomento, a Madrugada presta um serviço à comunidade, operando essencialmente, na área de Lagos e da Praia da Luz. Presentemente, discute-se a possiblilidadede abertura de um Centro de Dia na Praia da Luz, que irá disponibilizardiversos serviços de apoio, orientação e aconselhamento e terapias de apoio,direccionados a pessoas afectadas por doenças limitativas e às respectivasfamílias. Para angariar fundos, a Madrugada depende fundamentalmente das lojasde caridade, onde vende artigos doados em segunda mão e da organização deeventos de angariação de fundos.

A Nandi – Instituição de Apoio aAnimais, sedeada em Lagos, opera duas lojas em Lagos, quecomercializam artigos em segunda mão. Vende vestuário, calçado, livros, artigosdiversos para o lar e mobiliário. Os lucros resultantes da comercializaçãodestes iens, revertem para o apoio às despesas de esterilização e tratamentoveterinário de animais abandonados. Só no ano de 2010, a Nandi conseguiuprovidenciar tratamento a 1309 animais. A Nandi também apoia financeiramenteoutras instituições de apoio a animais abandonados.


A NECI – Núcleo deEducação da Criança Inadaptada, sedeada em Montinhos da Luz, Lagos, temcomo missão dar resposta às necessidades da pessoa com deficiência,incapacidade ou handicap, de ambos os sexos, contribuindo para que tenha umavida digna, promovendo as competências, a qualidade de vida, a sua satisfaçãopessoal e favorecendo a integração na família, na escola, no trabalho e no meiosocial. A NECI dispõe de várias RespostasSocais, tais como

o Centro de Actividades Ocupacionais, a IntervençãoPrecoce, o Atendimento e Acompanhamento Social, o BancoAlimentar e o Centro de Apoio a Pessoas com Mobilidade Condicionada. Actualmente encontra-se nafase de desenvolvimento o novo LarResidencial, que irá colmatar as necessidades de cuidados básicos dos nossosclientes.


Riding forthe Disabled, Barlavento - Associação deEquitação Adaptada, é uma Instituição sedeada em Lagos, que trabalhaprincipalmente com estudantes portugueses que são portadores de deficiênciasmentais ou físicas. A equitação, é uma actividade particularmente benéfica, umavez que proporciona experiências multi-sensoriais que são dificeis dereproduzir de outra forma. As sessões, para além de serem divertidas, abordamáreas como a matemática e a capacidade de lidar com os números, a fala, aaudição e a resolução de problemas e quebra-cabeças.





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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Partido Socialista Espanhol contra publicidade a serviços sexuais

Depois de no passado dia 6 de Julho a Presidente da Argentina, Cristina Fernandéz, ter publicado um decreto que proíbe a publicidade de ofertas sexuais nos órgãos de comunicação social do país para combater as redes de tráficos de seres humanos, o tema dos classificados de cariz sexual voltou à baila, desta vez no Parlamento espanhol.

Esta sexta-feira, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), no poder, entregou à oposição uma proposta de Reforma da Lei Geral da Publicidade semelhante ao decreto presidencial na Argentina. O princípio do projecto de lei é suprimir todo e qualquer anúncio de contactos e serviços sexuais das páginas dos jornais e das versões digitais destes órgãos de comunicação.

Em causa, além da protecção da exploração sexual, está ainda a exposição de menores a este tipo de conteúdos, avança o texto, citado pelo El País. “A proibição alcança também as edições digitais destas publicações, na medida em que o acesso às páginas que contêm estes anúncios não está limitado a adultos”.

A iniciativa legislativa tem como precedente um episódio que poderá indiciar a aprovação da lei, que teve como mentora a actual secretária de Estado da Igualdade, Bibiana Aído. Em 2010, o Parlamento espanhol aprovou, por unanimidade uma proposição, sem carácter legislativo, que instava a promover o fim dos anúncios da prostituição na imprensa.

O assunto já foi, inclusive, abordado em reuniões do PSOE com outras forças políticas espanholas, seguindo-se agora conversações com as direcções dos meios de comunicação, os principais visados caso a lei seja aprovada.

O projecto prevê uma multa para os órgãos de comunicação incumpridores, e sugere que a fiscalização seja coordenada entre o Ministério Fiscal e organizações e entidades jurídicas, públicas e privadas, apostados na defesa da igualdade de género e dos direitos dos menores. Fora do controlo das entidades fiscalizadoras ficarão os media exclusivamente digitais e pesquisas através de motores de busca.

Em Portugal, em 2010, por ocasião da celebração do Dia Europeu de Combate Ao Tráfico de Seres Humanos, o Partido Comunista (PCP) propôs um projecto de resolução semelhante ao dos socialistas do país vizinho. O PCP apelava ao executivo – na altura, socialista – que efectuasse esforços legislativos no sentido da proibição de anúncios na comunicação social que “directa ou indirectamente, incitassem à prostituição ou angariação de clientes para a prostituição”, referia a recomendação do grupo parlamentar comunista.

De acordo com um relatório da Entidade Reguladora da Comunicação Social relativo ao ano de 2009, o jornal Correio da Manhã angariou nesse ano quatro milhões de euros com classificados de cariz erótico.

Fonte: Publico

segunda-feira, 18 de julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

O princípio da indivisibilidade

O testemunho que a Dra MAria José Nogueira Pinto nos deixou é demasiado rico para que se esgote na espuma dos dias que se seguiram à sua morte.

Há que aprofundar e reflectir, várias vezes, no exemplo que nos deixou.

Uma das suas características está relacionado com aquilo a que o Dr Bagão Félix, há uns tempos atrás, numa entrevista na Rádio Renascença, intitulou de "princípio da indivisibilidade", isto é, que alguém actue da mesma forma que pensa, que viva do mesmo modo como pensa.

A Dra Maria José Nogueira Pinto, seguindo o exemplo de João Paulo II, viveu a sua doença da mesma forma como viveu a sua vida, assim como viveu da mesma forma como morreu.

Não está acessível a todos, porque falar é mais fácil do que agir, vencendo o medo e o desconhecido.

Mas, Maria José Nogueira Pinto provou que é possível e, como diz Pacheco Pereira, no seu blogue "O valor da propaganda pelo exemplo, uma expressão de origem anarquista, é o mais poderoso de todos".

quinta-feira, 14 de julho de 2011

FPV defende revisão da lei do aborto para, em tempos de crise, terminar a gratuidade e o subsídios ao aborto por mera opção

A Federação Portuguesa pela Vida defende uma revisão da legislação do aborto para que o Estado deixe de pagar estas intervenções, mas considera que não é momento oportuno para se fazer outro referendo sobre o tema.

Quatro anos depois da entrada em vigor da regulamentação da interrupção voluntária da gravidez (IVG), a 15 de julho de 2007, Isilda Pegado, presidente da Federação, propõe "uma rápida revisão" do diploma, sobretudo no que respeita "aos subsídios ao aborto".

"Tem que ser repensada a gratuitidade do aborto, o subsídio de parentalidade que é dado a uma mulher para fazer um aborto. Defendemos que o Estado não tem que pagar o aborto. O que o país levou a referendo foi a despenalização do aborto, não mais que isso", afirmou, em entrevista à agência Lusa.

© 2011 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Irreversível, porquê?


Quase por acaso, a eventual alteração da lei que entre nós liberalizou o aborto foi abordada na recente campanha eleitoral. A uma hipotética e remota possibilidade de alteração dessa lei foi dada uma veemente resposta por muitos políticos: «podem tirar o cavalinho da chuva»; «a sociedade não volta para traz»; seria «um retrocesso civilizacional». Se os partidários da liberalização não pararam enquanto não convocaram um segundo referendo depois da derrota no primeiro, igual direito não é reconhecido aos adversários dessa liberalização quanto à eventual convocação de um terceiro referendo. Parece, assim, que estamos no domínio do intocável e do irreversível.



Esta ideia de uma inexorável lei histórica choca, porém, com os princípios que regem as democracias e as sociedades abertas, onde, como também foi a propósito salientado, temas como este não podem ser “tabu”. «O futuro está aberto» - salientava Karl Popper quando contrapunha esses princípios à visão marxista de uma história fechada e pré-determinada.

E essa suposta irreversibilidade também não é confirmada pela história recente. A Polónia tem hoje, e na sequência da queda do regime comunista, uma legislação que restringe acentuadamente o aborto, com reflexos efectivos na sua prática, depois de ter conhecido uma experiência de verdadeira banalização. A opinião pública dos Estados Unidos – confirmam-no os mais recentes estudos – aceita cada vez menos o status quo da liberalização do aborto – de que esse país foi pioneiro desde o longínquo ano de 1973 – e a tendência pró-vida é aí hoje quase maioritária. Por estes dias, discute-se na Rússia uma alteração legislativa, com motivações de ordem ética e demográfica, tendente à restrição do aborto (designadamente o fim do seu financiamento público), cuja prática chega actualmente aos 74 por cada 100 nascimentos.

Quanto ao “retrocesso civilizacional”, uma ideia não deixa de me vir à mente.

No Império Romano, os primeiros cristãos distinguiam-se do comum das pessoas por não aderirem a uma prática então generalizada: a morte ou abandono de crianças recém-nascidas e não desejadas. Assim o afirma a célebre Carta a Dioneto, que traça um retrato desse grupo. Ilustres filósofos gregos e latinos aceitaram essa prática sem remorsos. Se hoje ela nos choca, devemo-lo às raízes judaico-cristãs da nossa cultura. Na tutela da vida, em especial das crianças, dos deficientes, dos mais débeis e indefesos, identificamos um sinal de autêntico progresso civilizacional. Progressos civilizacionais, encontramo-los no cada vez menos frequente recurso à pena de morte, ou à guerra como forma de resolução dos conflitos. É a cada vez mais acentuada tutela da vida humana que pode representar um progresso civilizacional. Não certamente o contrário.

Assistimos hoje, porém, ao requestionar da ilicitude moral do infanticídio. Influentes filósofos como Peter Singer e Michael Tooley defendem a licitude dessa prática. A razão fundamental tem a ver com a “desumanização” da criança recém-nascida a partir de argumentos que também serviram para “desumanizar” o feto e assim legitimar o aborto; se o feto não é pessoa, também não o é a criança recém-nascida; se o feto deficiente não tem direito à vida, também não o terá a criança recém-nascida com uma deficiência que só então possa ser detectada. Afinal, o que distingue substancialmente um ser humano pouco antes ou pouco depois de nascer?

Não será certamente este um “progresso civilizacional”. Regressamos a visões pré-cristãs que se pensariam superadas, além do mais porque também contrárias a qualquer visão humanista.

Para muitos, e por isto mesmo, a liberalização do aborto nunca poderá ser vista como “progresso civilizacional”. Têm, pelo menos, o direito de ser ouvidos e considerados, e não marginalizados como “ultra-conservadores “ ou “ultra minoritários”.


Pedro Vaz Patto

domingo, 10 de julho de 2011

A cura para o cancro ???

Há 2 meses atrás, a notícia espalhou-se pelo mundo:

- Uma Universidade Canadiana teria encontrado a cura para o cancro !

A própria Universidade em causa, não desmentiu totalmente essa notícia.

Infelizmente, tal como podem ler aqui, a notícia não é 100% rigorosa, nem muito menos verdadeira.

Aborto cirúrgico afecta saúde reprodutiva


As mulheres que se submetem a um aborto cirúrgico têm mais 34% de probabilidades de dar à luz um bébé prematura na gravidez seguinte

Ver mais aqui

sábado, 9 de julho de 2011

Workshop sobre cancro da mama e do cólo do útero


A APPDA - Algarve - Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo vem por este meio informar que se irá realizar um workshop sobre "CANCRO DA MAMA E CANCRO DO CÓLO DO ÚTERO" como forma de desmistificar o assunto e ao mesmo tempo informar a sociedade sobre a importância da detecção precoce deste estado.

Dia 16 de Julho às 18:30h, nas instalações da APPDA - Algarve contamos com a sua presença mediante inscrição de 5.00€ que reverterá a favor da nossa associação.

Inscreva-se através do nºs 282 431 476 / 964 662 596 ou via-email.

Com os nossos melhores cumprimentos,

APPDA - Algarve
Assoc. Portuguesa para as Perturbações de Desenvolvimento e Autismo
Rua Bento de Jesus Caraça, 8 Esq.
8500-570 Portimão
Tel./Fax. 282 431 476
Site: www.appda-algarve.pt

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Herança infértil

O futuro é hoje. Cliché fácil, mas verdadeiro no caso da situação demográfica portuguesa. A realidade sombria do envelhecimento da nossa população não se encontra num cenário de ficção científica mas já nos circunda no presente.
Portugal apresenta a segunda taxa de fertilidade mais baixa da Europa (1,32 crianças por mulher), ficando muito aquém do limiar de renovação de gerações (2,1 crianças por mulher).
O Ministério da Saúde tem que reavaliar a sua política de natalidade de forma holística e transversal, uma vez que qualquer programa de racionalização das despesas do Estado terá que ter em conta que o desinvestimento na natalidade tem um preço alto já no presente.
Apoiar casais que precisam de tratamentos de fertilidade para engravidar, deveria ser um dos pilares intocáveis do Serviço Nacional de Saúde. Com o avanço da ciência é agora possível melhorar a garantia do direito constitucional dos cidadãos a constituir família, considerada elemento fundamental da sociedade. Deveria ser prioridade, mas não o é.
Esta semana foi notícia que a Maternidade Alfredo da Costa em Lisboa excluiu tratamentos de fertilidade com base na falta de meios financeiros para adquirir os gâmetas essenciais à fecundação artificial, empurrando um casal para a necessidade de recorrer a centros privados, onde o tratamento rondaria os €4700.
Este caso espelha a infiltração programática da governação socialista em matérias de política de natalidade. Não nos deixemos ludibriar por justificações tão convenientes de ordem orçamentista – pelo menos no campo mais imediato e sensível para o futuro de Portugal.
O Estado subsidia interrupções voluntárias da gravidez mas recusa apoiar aqueles que lutam por gerar a vida – tal é o escalonamento de prioridades que Paulo Macedo, o novo Ministro da Saúde, herdou. Mas nem todas as heranças têm que ser respeitadas, e na política de natalidade o país tem pela frente uma reforma necessária, urgente e
corajosa.

Rubina Berardo
r.berardo@gmail.com

Fonte: Jornal da Madeira

quinta-feira, 7 de julho de 2011

APPDA precisa de voluntários para férias desportivas


A APPDA - Algarve, Assoc. Portuguesa para as Perturbações de Desenvolvimento e Autismo necessita de 1 ou 2 voluntários para auxiliarem nas suas Férias Desportivas com crianças e jovens que terão lugar no próximo mês de Agosto.

A APPDA preparou actividades divertidas e adaptadas à condição dos meninos, mas precisam de voluntários.

Quem estiver interessado em participar pode contactar Marisa Neves directamente para o seu e-mail marisaneves@appda-algarve.pt

Rua Bento de Jesus Caraça, nº8 r/c esq.

8500-570 Portimão

Tel./Fax. 282 431 476

Telm. 964 662 596

Site: www.appda-algarve.pt

Último texto de Maria José Nogueira Pinto


Bati- -me por causas cívicas, umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos. Foi em nome deles e das causas em que acredito que, além do combate político directo na representação popular, intervim com regularidade na televisão, rádio, jornais, como aqui no DN.

Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé.

Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.

Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará

Leia o resto aqui

Fonte foto: Caras

Aborto, lei e factos

A nossa prática tem sido a de discutir os efeitos e as consequências dos fenómenos que vão ocorrendo nas sociedades sem qualquer valoração das respectivas causas, que permanecem ocultas ou num limbo. Como é da nossa natureza acreditar que compete ao legislador resolver essas questões. Liberalizar tornou- -se uma palavra de ordem e a invenção de uma agenda fracturante permitiu remeter para a via legislativa problemas incómodos e transformá-los em delirantes bandeiras ideológicas. Uma receita culturalmente manhosa para a dimensão das questões.

Eram já conhecidos indicadores preocupantes no que se refere ao aborto após a aprovação da lei, mas ficámos agora a saber, pela voz do presidente do Conselho Nacional de Ética, que os resultados vão no sentido oposto do que foi propagado pelos que promoveram a liberalização e viabilizaram a lei: 50% das mulheres que fazem aborto faltam à consulta de planeamento familiar obrigatória 15 dias depois; há mulheres que fazem, no Serviço Nacional de Saúde, dois ou três abortos por ano; o número de abortos aumentou de 12 mil para 18 mil em 2008 e para 19 mil em 2009.

São os riscos de legislar num clima de contenda ideológica sobre questões que têm a ver com a vida e a morte, com o respeito e a dignidade, com a responsabilidade individual e colectiva, com princípios básicos de civilização. Este núcleo duro foi e é o âmago da questão e não devia ser varrido por argumentários que parecem ignorar o essencial da condição humana e o valor das vítimas, de todas as vítimas do aborto.

É também um exemplo de má fé legislativa: os adeptos do "sim" sabiam que esta lei não iria resolver nada e, pelo contrário, agravaria a situação. Ninguém com um mínimo de conhecimento da realidade, das causas que estão na origem do aborto, da heterogeneidade das situações, da desigualdade das condições podia, de boa-fé, acreditar na bondade da lei. Aceitaram-se como bons dados forjados, ouviram-se peritos escolhidos à la carte, criou-se um discurso ditatorial, explorou-se a compaixão das pessoas e apagou--se o histórico.

Volto por isso ao ponto onde sempre estive, com as mesmas preocupações que sempre senti e que agora parecem ser partilhadas pelo presidente da Comissão Nacional de Ética. Uma lei que liberaliza, que consagra o aborto a pedido sem necessidade de qualquer justificação, é uma lei que institui a violência pela consagração de medidas desproporcionais e banaliza um acto que, em qualquer circunstância, é sempre de extrema gravidade. Criou-se nesta, como em outras questões éticas, uma cultura desumana assente na exaltação do egoísmo e da irresponsabilidade: da mulher em relação a si própria, em relação a um terceiro cujo direito a nascer é preterido ao menor capricho, em relação à sociedade em geral que não se revê num desmazelo militante cuja factura não quer pagar, em relação aos profissionais de saúde que abraçaram uma vocação assente em valores que estes actos violentam, e que estão na primeira linha de um SNS de recursos escassos e necessidades crescentes.

E, tal como então previmos, confirma-se agora uma perversidade adicional desta lei que funcionou como analgésico das más consciências públicas e privadas quanto às causas do aborto que merecem ponderação: o combate à pobreza das mulheres, a criação de meios efectivos para orientar, informar e criar alternativas, apoios à maternidade, um planeamento familiar eficaz e acessível.

De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Ética é preciso coragem para rever aspectos negativos da actual lei. Que coragem e para quê? Para pôr de lado hipocrisias e oportunismos políticos e corrigir uma lei profundamente atingida por equívocos? Ou bastará a pequena coragem do remendo legislativo que dissolva a incomodidade das evidências e devolva a todos uma benévola sonolência?

Dra Maria José Nogueira Pinto
1952-2011

FONTE: DN

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Viver melhor o dia de hoje

AE - Pedia-lhe três dicas para que os leitores possam viver melhor o dia de hoje...

Professora Helena Águeda Marujo - A primeira é reparar e escutar com atenção as notícias boas das pessoas à vossa volta. Liguem uma antena especial à procura de boas notícias e quando as ouvirem, respondam ativamente, de forma construtiva. Parem, entusiasmem-se e peçam detalhes sobre essa boa notícia. Aproveitem qualquer boa notícia, de qualquer pessoa à vossa volta e ponham fermento, façam-na crescer.

A segunda é registar diariamente, pelo menos, três bênçãos do dia. Identificar e fazer um diário positivo dos acontecimentos do dia que fizeram sentir bem. São estratégias que a ciência estuda e indica que podem aumentar a felicidade.

Para terceira sugeria um investimento na gratidão que é uma área de grande potencial e com grandes efeitos cardiovasculares. Escolham uma pessoa a quem tenham algo a agradecer, escrevam uma carta e façam uma visita de gratidão para ler a carta. É estranhamento difícil. É muito fácil olhar nos olhos e criticar mas tão difícil olhar nos olhos e dizer tudo o que temos para agradecer. Está na altura de mudar esta cultura e tornar mais fácil dizer o bom e menos o mal.

Eu acrescentava uma quarta – arranjem pedómetros, contadores de passos, e passem a fazer 10 mil passos diários se quiserem ter saúde física, pois não há felicidade sem um corpo cuidado, 13 mil passos diários se quiserem perder peso, mas assegurem-se que diariamente fazem, no mínimo acima de cinco mil passos. Muita investigação científica mostra que abaixo dos cinco mil passos, o risco cardiovascular é elevadíssimo e uma boa forma de saber se estamos em risco é através de um contador de passos.

Ter como meta cuidar da nossa saúde e mudar de uma sociedade inativa para formas de ação generosas, de relações positivas, e de comunicação são também formas de felicidade.

Felicidade, liberdade e amor

Do amor como decisão que envolve o ser humano, no seu todo, resistiu, apenas, a dimensão emocional do amor. Amar é, neste novo conceito, sentir amor. Ora, quando o sentimento trai o olhar e parece sumir no nevoeiro, para o homem moderno, o amor acabou. Para o cristão, o amor está a crescer, a exigir que se envolvam as outras dimensões do homem que estavam sossegadas e adormecidas, enquanto o sentimento tornava óbvia a presença do amor. Amar o ser humano que pede, quando o seu olhar é brilhante e transparente e nele se reflecte o outro que eu sou, não é exigência de amor.
Amar, quando o olhar do outro se oculta num rosto desfigurado ou matizado ou diferente, quando o sentimento não é de espontânea simpatia, torna-se exigência de amor e as demais dimensões do humano devem ser despertas.
Ora, para o homem moderno, nesta hora, essas dimensões devem permanecer adormecidas e procurar-se um outro cenário em que, renovadamente, se tornem fulgurantes os sentimentos de «amor».
Mas jamais haverá amor, enquanto este for o comportamento. Porque o que de humano ficará será, apenas, o fugaz, efémero, prazenteiro…
O homem esgotar-se-á no presente de cada momento, sem memória, sem projecto; sem inteligência, sem vontade; sem outros nem tus, mas apenas «eus», sentires e afectos.

É por isto que felicidade, liberdade e amor são algo diferente do que se diz por aí.

Luís Manuel Pereira da Silva vive em Aveiro, é Licenciado em Teologia e Mestre em Bioética, pela UCP, é docente de EMRC e do Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro. É casado e pai

Faleceu uma das líderes mais carismáticas na apologia da vida e da famíla

O Presidente da República enviou uma mensagem de condolências à Família da deputada Maria José Nogueira Pinto.

É o seguinte o teor da mensagem do Presidente Aníbal Cavaco Silva:

"Apresento à Família de Maria José Nogueira Pinto as minhas mais sentidas condolências.

Personalidade marcante da vida pública portuguesa, Maria José Nogueira Pinto sempre se destacou pela firmeza de carácter e pela frontalidade que colocava na defesa das suas convicções. As suas intervenções, como cidadã, como intelectual e jurista, como governante, deputada e dirigente política, caracterizavam-se pelo vigor da inteligência e pelo rigor da independência.

Tinha como valores de vida o amor por Portugal e a crença profunda no papel insubstituível da Família como célula essencial de uma sociedade justa. Em nome de um Portugal mais justo, trabalhou incansavelmente, com a vontade férrea que nela sempre admirámos. A sua acção e o seu dinamismo marcaram profundamente instituições como a Maternidade Alfredo da Costa ou a Misericórdia de Lisboa.

Mulher de fé e de causas, exemplo para todos nós, Portugal perdeu hoje uma personalidade de invulgar dimensão humana.

Aníbal Cavaco Silva"

Maria José ("Zézinha") Nogueira Pinto



Não se considera uma mulher de causas perdidas? O CDS centrista acabou, a descriminalização do aborto vingou, o plano da Baixa-Chiado ficou pelo caminho. E na próxima legislatura, se o PS vencer, os casamentos homossexuais e a regionalização vão voltar à agenda...



Maria José Nogueira Pinto:
Nada. A única coisa importante aí é podermos responder à pergunta: 'Onde é que tu estavas quando isso aconteceu?'. O que é preciso é cada um estar do seu lado da barricada.
Via 31 da Armada

Estou profundamente chocado e triste pelo desaparecimento da Dra Maria José Nogueira Pinto ou, como de forma carinhosa, muitos a chamavam da "Zézinha" Nogueira Pinto.

Um mulher de grande categoria e de forte personalidade, que não tinha qualquer problema em defender as suas convicções sem quaisquer "papas na língua".

Lembro-me, em particular, da forma convicta, dinâmica e entusiamada como defendeu o "não" no último referendo que liberalizou o aborto em 2007.

Nessa altura, deu a cara pelo "não" ao aborto e desdobrou-se em actividades e entrevistas do norte ao sul do país.

Também escreveu muitos textos, em particular, os do Diário de Notícias, cuja colectânea poderão encontrar aqui

O cancro entrou de forma subreptícia, na sua expressão mais letal, e atingiu-a de forma fulminante.

Num dos seus últimos textos, a propósito da Páscoa, escreveu "A correspondência da actualidade da Paixão de Cristo é uma realidade que se nos impõe no nosso quotidiano e vivê-la nessa perspectiva pode bem valer a pena".

Estou certo que, na linha da sua natural coerência, terá vivido a fase final da vida unida à Paixão daquelE que sempre seguiu.

Para todos os militantes pró-vida, é certamente uma referência, um modelo, uma inspiração.

Agora do Céu, contemos com a sua intercessão e o seu exemplo.

P.S.- Vale a pena ler este e este texto.

Fonte foto: Caras

Sobre o cancro da próstata

Cancro da próstata

Fonte: Clínica da Universidade de Navarra

domingo, 3 de julho de 2011