domingo, 15 de maio de 2011

DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

Em tempo já não de vacas magras, mas da sua ausência e por isso, de afundamento total, como aquele a que hoje nos conduziram circunstâncias profundamente adversas, a nível internacional, mas também, e sobretudo, no nosso Portugal, resultantes da falta de cabeça, de verdade e de sentido de serviço ao bem comum, dos nossos governantes, a celebração do Dia Internacional da Família é propícia a uma reflexão diferente.


Forçosamente nos deverá levar a pensar como cidadãos, no que devemos fazer nas próximas eleições, para não voltarmos a entregar o país de mão beijada nas mãos de irresponsáveis que não merecem governar e que deixaram os cofres do estado e as famílias em tão lamentável estado.


Sabemos que a dívida pública subiu de 53% do PIB em 2000 para cerca de 67% em 2005, chegando agora, a ultrapassar, segundo se diz, os 90%! Sem dinheiro para pagar salários, sem cabeça para planear, sem idoneidade moral para impôr sacrifícios, sem hábitos de poupança, sem uma cultura de esforço, e cheios de vícios, os nossos governantes tornaram-nos motivo de escárnio lá fora, precisando agora de estender a mão à Troika estrangeira e aceitar, incondicionalmente, as instruções e reformas que acompanham os empréstimos de que precisamos, como de pão para a boca.


Em tudo isto, o mínimo que se poderia pedir aos responsáveis seria menos palavras, mais humildade e assunção de culpas, mas não é isso que vemos.


Nesta data porém, a APFN convida-vos sobretudo a olhar para as nossas famílias e analisar o panorama em que vivemos, de uma perspectiva não exclusivamente economicista. Na verdade, são cada vez menos os casamentos, menos as crianças, e cada vez mais os divórcios e as uniões de facto. Vale a pena por isso, compreender algumas das causas e tentar melhorar de algum modo, cada um no seu pequeno metro quadrado...


Os laços afectivos são cada vez mais ténues e efémeros; o respeito pela vida transformou-se em indiferença e desprezo, com um número assustador de abortos cometidos com a facilidade e inconsciência de quem bebe um copo de água; medo de assumir compromissos familiares; objectivos profissionais inconciliáveis com a dedicação a uma família; falta de políticas de família, relativismo total, ambições materiais desmedidas, tentativas infrutíferas de combinar afectos e interesses, “dos meus, dos teus e dos nossos”, perda de resiliência ante a dor, a incapacidade física ou mental, o envelhecimento e o insucesso; egoísmo gritante, conflitualidade crescente, violência doméstica, falta de comunicação, solidão, sofrimento por perda de sentido da vida, perda de valores e falta de discernimento na distinção entre importante, prioritário e secundário; desrespeito na escola e falência de uma filosofia educativa que fala tanto em educação para a cidadania, mas que tantas vezes desaproveita, esquece e atropela os valores que alguns pais ainda se esforçam por viver e transmitir aos filhos...


Estudos sem sucesso, abandono escolar, falta de competência e rigor nos diplomas alcançados, falta de integridade e honestidade, falta de estruturas familiares que ofereçam às crianças e jovens, os cuidados, a estabilidade afectiva, as exigências e educação que necessitam... permissividade, conteúdo amoral que a maioria dos filmes e novelas oferecem como diversão e exemplo... aumento das doenças mentais, droga, alcoolismo e criminalidade, prisões cheias...


Faz-nos falta voltar a ver a família que resulta da aliança de amor entre um homem e uma mulher e com os seus filhos, como o coração do mundo e “a mais pequena democracia no coração da sociedade”.


Faz-nos falta em cada família voltar aos pequenos gestos que ajudam a purificar, reunir, perdoar, refazer, distribuir, partilhar, conciliar, dar coesão, conviver, ensinar solidariedade, respeito e espírito de pertença e de serviço, resiliência, capacidade de adaptação e a alegria das coisas simples e pequenas...


É hora de reformas e de regresso às origens. Perceber que na Família – último reduto em que encontraremos forças para sobreviver a qualquer crise! - o maior investimento está no carinho, na compreensão, perdão, entreajuda e no tempo que damos uns aos outros. Recordemos as sábias palavras de João Paulo II: “ Família torna-te aquilo que és!”- uma comunidade de vida e de amor... Um bom dia da Família!


Lisboa, 14 de Maio de 2011


Mensagem da APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

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