segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

domingo, 30 de janeiro de 2011

A Formação do carácter

(clique para aumentar)

Estudo aponta falhas nos processos de adopção

Um estudo realizado pela Deco/Proteste, junto de candidatos e de pessoas que conseguiram adoptar uma criança, concluiu que o processo em Portugal demora em média três anos.

Neste estudo, a que a Renascença teve acesso, são também apontadas várias falhas que decorrem ao longo do processo de adopção.

Adoptar uma criança em Portugal é um processo desgastante, demorado e burocrático cujas regras diferem consoante o distrito, segundo o inquérito estatístico da Deco /Proteste. Os inquiridos esperaram, em média, três anos. Mas 12% aguardaram mais de cinco anos.

Aguentar o tempo de espera, é de resto uma das preocupações manifestadas pelos inquiridos como revela o responsável pelo estudo, Osvaldo Santos. “Cerca de 50% das pessoas estão insatisfeitas com o processo: o ponto principal é a duração e, também, a informação que vão tendo sobre o processo de candidatura ao longo do tempo”. Outra das falhas apontadas, é a falta de apoio psicológico durante o processo.

Dar um bom lar a uma criança que vive institucionalizada é a principal motivação dos pais adoptivos (70%), seguindo-se uma família (59%) e ultrapassar problemas de fertilidade (35%).

O principal factor que pode levar a desistir é a idade da criança. Em média, os três anos são a idade considerada aceitável, mas muitos candidatos estão dispostos a ficar com crianças com mais de cinco anos.

Segundo o último relatório do Ministério do Trabalho, no ano 2009, havia 9.563 crianças em instituições de acolhimento.


Fonte: Rádio Renascença

sábado, 29 de janeiro de 2011

2011 - ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

DECO – DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS?

DECO – DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS?

A Associação Portuguesa Para A Defesa Do Consumidor, da qual sou associado, conhecida simplificadamente como DECO, desempenha um importante papel na nossa sociedade, como é sabido.

Para além da sua ação em vários níveis, no âmbito para que foi criada, apresenta ao público diversas publicações periódicas, com artigos muito interessantes e de grande utilidade.

E é comum reflectirem-se nessas publicações preocupações de ordem ética, designadamente no que diz respeito a aspectos ambientais, sociais e outros.

Na revista Proteste de janeiro de 2011, por exemplo, o artigo “Muros de silêncio” (páginas 16 e 17), revela críticas em relação a empresas que não respeitam os direitos dos trabalhadores e estabelece uma ligação entre baixos salários, excesso de horas de trabalho e ambiente opressivo numa empresa com a vaga de suicídios entre os trabalhadores da mesma. Aplaudo estas preocupações porque sou a favor de uma sociedade em que o ser humano seja respeitado e valorizado e não um mero objecto.

Ora, espanta-me, causa-me choque, decepção e até revolta, que os mesmos editores que demonstram a sensibilidade acima expressa em matéria de direitos humanos não sigam a mesma linha noutros artigos que publicam.

De facto, na revista já acima citada, o artigo “Pílula do dia seguinte” (páginas 42 e 43) não apresenta qualquer explicação sobre o potencial efeito abortivo da chamada “pílula do dia seguinte” ou do Dispositivo intra-uterino, nem sobre as desvantagens da iniciação sexual precoce, nem sobre as formas alternativas de abordagem em matéria de educação sexual que não a mera redução da sexualidade à fatalidade da sua assunção na flor da idade.

Ainda mais gritante foi o artigo baseado num Inquérito sobre aborto, publicado na revista Teste Saúde de Outubro/Novembro de 2010.

Neste artigo, o aborto, que, convém não esquecer, consiste na exterminação de vidas e na negação de um direito que devia ser respeitado – o direito à vida – é tratado com uma frieza inaceitável. Não se pode escrever um artigo sobre esta matéria usando o mesmo estilo que se utiliza num artigo sobre frigoríficos ou esquentadores. E ainda que o artigo apresente dados importantes e que merecem reflexão – por exemplo, a falta de informação sobre o período de reflexão obrigatório, os efeitos causados na mulher (não indicando contudo os efeitos a médio e longo prazo) – não vai ao âmago da questão: o aborto não é uma solução, as mulheres merecem outra alternativa.

O aborto corresponde à morte de inocentes e indefesos, causa traumas psicológicos e físicos às mulheres e envenena e enfraquece a sociedade. O sangue derramado neste ato atroz merecia outro respeito. O número citado no artigo, de 17518 abortos realizados em 2008 nos estabelecimentos autorizados para tal, é arrepiante. Seriam futuros portugueses, portuguesas, alunos, talvez até futuros associados da DECO, a quem foi negado o direito à vida.

Porque não é abordado no artigo referido o problema ético envolvido nesta questão? Porque não são ouvidas entidades pró-vida? Porque só são apresentadas entidades como a Direção-Geral da Saúde e a Associação para o Planeamento da Família favoráveis à legislação actual, a qual exclui os médicos objetores de consciência do processo de aconselhamento, impõe ao erário público o pagamento do aborto a mulheres que o repetem (ao mesmo tempo que são cortados os abonos de família…), e permite a uma mulher, sem qualquer condicionalismo, solicitar o aborto, mesmo contra a vontade de um pai que queira ter aquele filho?

Num tema que não é neutro, devia ter havido a preocupação por enquadrar eticamente esta matéria. Porque não foi incluída pelo menos uma citação à complexidade deste problema e às diferentes posições ideológicas sobre o mesmo?

Porque se preocupam – e bem – com os trabalhadores explorados na China e não se preocupam com a carnificina que ocorre em estabelecimentos públicos e privados em Portugal?

Porque têm dois pesos e duas medidas?

Luís Lopes

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O elogio do inútil

Sei os riscos que corro ao propor um tema como este: o elogio da inutilidade. Por um lado, estamos claramente perante um termo ambíguo. A inutilidade parece à primeira vista um valor negativo ou um contra-valor.
Quando é que a inutilidade é boa e libertadora?
Por outro lado, a nossa cultura, que idolatra a produção e o consumo, assumiu o útil como um dos critérios máximos para avaliar as nossas vidas.
Se é útil, é bom. Quando nos sabemos úteis, sentimo-nos compensados.
A vida tornou-se uma espécie de grande maratona da utilidade. Contudo, o termómetro que assinala a nossa vitalidade interior não pode dispensar a pergunta pelo lugar que saudavelmente damos ao inútil.
Porque é que o inútil é importante?
Porque o inútil subtrai-nos à ditadura das finalidades que acabam por ser desviantes em relação a um viver autêntico.
Condicionados por esta fi nalidade, e aquela, e aquela acabamos simplesmente por não viver, por
perder o sentido da gratuidade, a disponibilidade para o espanto e para a fruição. Recorrendo a uma expressão do teólogo Dietrich Bonhoeffer, a inutilidade é que nos dá o acesso à “polifonia da vida”, na sua variedade, nos seus contrastes, e na sua realidade escondida e densa. E a polifonia da vida outra coisa não é que a sua inteireza, tantas vezes sacrifi cada à prevalência contínua do que nos é vendido por útil.
Neste sentido, Jesus de Nazaré é verdadeiramente o Mestre do inútil!
(...)
“Não vos preocupeis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem quanto ao vosso corpo como que haveis de vestir, pois a vida é mais que o alimento, e o corpo é mais que o vestuário. Reparai nos corvos… Reparai nos lírios,
como crescem. Não trabalham nem fi am… Pois eu digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles” (Lc 12, 22).
Num tempo de aperto, em que o útil nos constringe ao máximo empenho, é importante não esquecer o lugar que, precisamente nestes dias difíceis, temos de conceder ao inútil.
Tolentino Mendonça
Poeta e teólogo

Efeitos dos contraceptivos orais

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O lado negro de Hollywood


O lobby gay e as visões nihilistas, tortuosas, pessimistas e negras da vida continuam a dominar a
Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.

Nada que seja para espantar, tendo em conta que a cultura das artes e, em particular, das artes cinematográficas estão dominadas por gente de esquerda, liberal (no pior sentido) e com uma visão bem horizontal e oca da vida.

Isto mesmo pode-se constatar na escolha para melhores filmes de 2010, na linha, aliás, do que vem sendo seguido nos últimos anos:
"O Indomável", dos irmãos Cohen (mais uma vez, a obsessão com os irmãos Cohen), "Winter's Bone" e o "Cisne Negro" entram na categoria do filme que documenta a desgraça que são os sentimentos humanos, a maldade humana e que isto é tudo uma desgraça, um salve-se quem puder onde tramar o parceiro é o melhor que se tem a fazer.
"A Origem" e "127 horas" são filmes que favorecem uma visão de fuga da vida, de uma vida vista numa perspectiva individual, de subjectivismos e até quase esquizofrénica.
"127 horas", "O discurso do Rei" e "The fighter- O último round" (um remake de Rocky, com S. Stallone) têm, ainda assim, alguma coisa de positivo, mas com uma perspectiva muito pouco ambiciosa ou, diria, medianamente ambiciosa, simplesmente sobreviver, no 1º caso, aprender a falar, no 2º caso e vencer na profissão, no 3º caso.
Tudo muito bem, mas a vida é mais do que essas situações intermédias. Há mais para além disso.
"Os miúdos estão bem" é uma clara concessão ao lobby gay, através da "glamourização" da homossexualidade, neste caso, feminina e da procriação medicamente assistida gerando aberrações que, este tipo de filmes, tenta branquear.
"A rede social" é apenas uma espécie de masturbação do sistema e do "status quo" em que vivemos: o sucesso profissional, a fama, o enriquecimento e a internet.
Por fim, resta o "Toy Story 3" que é, para mim, de todos, o filme mais positivo, tal como já aqui tinha referido, e constituí a excepção a este quadro negro ou de escape à realidade ou situacionista ou pró-gay das outras opções da Academia.
Já filmes como "Deus e os Homens" de Xavier de Beauvois ou "Hereafter" de Clint Eastwood que podiam perfeitamente ter sido nomeados, foram liminarmente excluídos.
A dádiva, a entrega aos outros, a partilha, a visão mais metafísica da vida ou da morte não têm lugar na feira de vaidades de Hollywood.

Auto-controlo evita doenças sexualmente transmissíveis

Estudo confirma o óbvio

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A dignidade do Homem ante a morte

Muitas vezes o pedido da eutanásia depende em boam medida da perda do significado da vida, da sensação de falta de dignidade de si próprio, do desespero existencial.

Para um doente é de grande importância que seja valorizado o essencial da sua pessoa por parte daqueles que tratam de si, e que seja valorizada a sua própria figura de marido, pai, avô, particularmente pela sua família e amigos.

A recuperação da dignidade pessoal do doente tem uma verdadeira valência terapêutica e mostra o grande significado que pode ter a humanização da medicina, em conjunto com a terapia da dor e dos cuidados paliativos.

O doente está atento ao olhar daqueles que o atendem, vê-se reflectido nesses olhos, percebe neles a sua dignididade.

O valor desta relações e, em particular, da relação médico-paciente, deve ser tida em conta, mais para além da mitificação do valor, também real, da autonomia do doente.
Estas perspectivas podem ajudar a comprender porque é que 20% dos doentes oncológicos holandeses pedem a eutanasia –que está legalizada aí–, enquanto que os doentes terminais que eram atendidos por madre Teresa de Calcuta declaravam que se sentíam "amados como filhos e tratados como reis".

Alfonso Carrasco Rouco

Bispo de Lugo

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O que já é versus o que já é


Petição contra os exageros dos abortos em Portugal

No próximo dia 11 de Fevereiro ocorre o 4º aniversário do
segundo referendo do aborto. Estamos a preparar várias acções para assinalar
a data, denunciar o escândalo desta lei (ver os números, quase 60 mil neste
momento, 53 por dia desde o inicio da lei!, em:
http://www.federacao-vida.com.pt/estudos/index.htm) e afirmar bem alto o
Direito à Vida de todos os seres humanos

Por isso, temos de reabrir a discussão e voltar a colocar este tema na agenda política.


Se silenciarmos ou mantivermos passividade estaremos, de alguma forma, a ser coniventes com esta situação.

Entre essas acções pretendemos uma que consiste na entrega na Assembleia da
República de uma Petição que pode depois ser retomada por deputados como os
que nos vem acompanhando nestes tempos e no próprio plenário do hemiciclo
provocar esta discussão e iniciativas legislativas condizentes.

A Petição está em: http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N5620.

Devemos responder a este apelo de forma a que, em poucas semanas, esta petição possa atingir os milhares de assinaturas.

É fácil. Basta colocar o nome, bi e e-mail e depois confirmar a assinatura via e-mail.

Este é um daqueles momentos decisivos em que não podemos falhar fazendo jus
às nossas convicções. Assinem desde já, façam assinar à vossa volta,
divulguem, por favor.

A Vida conta convosco. O Direito à Vida depende de todos nós.

Todos os dias ressuscitamos, de novo


Dormir bem evita depressões, aumento de peso, reforça o sistema imunitário, fortalece a memória e previne situações de hipertensão arterial e de doenças cardiovasculares.

Porém, numa das fases do nosso sono diário o estado do nosso organismo aproxima-se, em parte, ao do estado de coma e, como tal, ao estado da morte.


Senão vejamos.

No sono profundo, também denominado de fase 3:

- O cérebro reduz as suas funções quase ao mínimo, actuando com uma enorme lentidão.

- As frequências cardíacas e respiratórias baixam.

- As temperaturas do corpo baixam drasticamente.

- O corpo entra, em geral, em modo demo e a actividade metabólica é reduzida.



Neste sentido, podemos dizer que sempre que dormimos, morremos um pouco ou, melhor dito, deixamos morrer um pouco de nós e, por isso, sempre que acordamos, de novo, pela manhã, como que ressuscitamos, rejuvenescidos e prontos para mais um dia.

Talvez por isso é que Fernando Pessoa diga, no seu Livro do Desassossego que "Tudo o que dorme é criança, de novo"

domingo, 23 de janeiro de 2011

A outra face de Mourinho

Aqui

TEXTOS RÁDIO COSTA D’OIRO de 18 a 31 de Janeiro


TEXTOS RÁDIO COSTA D’OIRO ENTRE OS DIAS 18 A 24 DE JANEIRO

DIA 18 DE JANEIRO


No Algarve, quem quiser e puder apoiar as vitimas da crise, em especial, as que vivem em situação de desemprego poderá fazê-lo através da Cáritas do Algarve.
A Diocese do Algarve, por sua vez, criou também um novo Fundo, denominado "Fundo Diocesano Social", com o mesmo objectivo.
No caso da Cáritas, o apoio pode ser feito através de donativos, com a vantagem das pessoas particulares e das empresas poderem receber da Cáritas o respectivo recibo com efeitos fiscais a nível do IRS ou IRC.

DIA 19 DE JANEIRO


A sociedade pós-moderna é uma sociedade cheia de contradições.
Uma dessas contradições reside na existência de casais que não querem que os seus filhos nasçam, em simultâneo, com a existência de casais que, não podem ter filhos, e que aguardam desesperadamente por uma criança para poder adoptar.
Nos Estados Unidos, um estudo recente diz que só 1% dos bébés não desejados é que são conduzidos para a adopção enquanto os 99% restantes são abortados.
Seria tão bom que pais e sociedade aceitassem mais a adopção como alternativa ao aborto.
Dar a quem não tem em vez de se desperdiçar o que se tem.

Dia 20 DE JANEIRO


Nós dizemos, repetindo um provérbio que os latinos já usavam, que o tempo voa (tempus fugit).
De facto, tudo o que é humano é feito de tempo, mas a experiência que mais vezes nos ocorre é a de não termos tempo. «Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante para ti», explicou a raposa ao Principezinho.
Só com tempo descobrimos tanto o sentido e a relevância da nossa marcha ao lado dos outros, como o da nossa própria caminhada interior. Sem tempo tornamo-nos desconhecidos. Sem tempo falamos, mas não escutamos. Consumimos, mas não saboreamos
Não é verdade que não tenhamos tempo. A nossa vida está cheia de tempos. Precisamos é de identificá-los e tratar deles, como quem cuida de um tesouro.


DIA 21 DE JANEIRO


Lewis e Tolkien participaram ambos na 1ª Grande Guerra Mundial e assistiram aos horrores da 2ª: . Que contributo poderiam estes dois professores de Oxford dar ao mundo e às gerações vindouras para que tais crueldades, não se voltassem a repetir ?
Ambos criaram, então, dois mundos fantásticos, a terra média e Narnia.
Aslan, o herói de Nárnia explica a razão de ser destes livros: “Foi por essa razão que vos trouxe até Nárnia, para que, conhecendo-me aqui por algum tempo, me pudessem conhecer melhor lá” no mundo real. Por isso, estes livros interpelam cada leitor a uma missão na vida real.
A mensagem destes livros é clara: Não fugir do destino, mas enfrentá-lo diz Ripitchic a Estauce quando este, antes de uma batalha, optar por desertar ou como diz Gandalf “Não nos cabe a nós escolher a época em que nascemos, mas sim fazer o que pudermos para a remendar”. Esta é a nossa misão.


Dia 24 DE JANEIRO

Todo o homem e toda a mulher, em diferentes momentos da sua vida sofrem hesitações e dúvidas motivadas pela escolha do caminho a seguir.
Devo seguir por aqui ou por ali ? Devo ceder ali ou manter-me fiel ali ?
Como diz, Bento XVI,. “Tal como o sumo da uva deve fermentar para se tornar vinho de qualidade, assim também o homem precisa de purificações, de transformações, que, embora, sejam perigosas para ele e possam provocar a sua queda, constituem todavia caminhos indispensáveis para se encontrar a si mesmo.
O amor é sempre um processo de purificações, de renúncias, de dolorosas transformações de nós mesmos e deste modo um caminho de maturação.
E só assim se atingirá a derradeira liberdade.


DIA 25 DE JANEIRO

No próximo dia 11 de Fevereiro ocorre o 4º aniversário do segundo referendo do aborto. O balanço destes 4 anos é desastroso: Milhares de abortos, uma média de 53 por dia, inúmeras mulheres que repetem 2, 3 e até 4 abortos, usando a morte do feto como meio de contracepção, descuidando, em absoluto, o planeamento familiar.
Hoje, são os próprios médicos que antes defendiam a liberalização do aborto que vêem a público pedir às autoridades que ponham um freio a esta situação de mortandade galopante.
Assim, com o objectivo de pedir à Assembleia da República a reabertura da discussão, está disponível no site www.peticaopublica.com. uma petição denominada Petição Aborto - Vemos, ouvimos e lemos - Não podemos ignorar!
É fácil, basta ir ao site, introduzir o nome completo, nº de BI e confirmar por e-mail.




DIA 26 DE JANEIRO

No poema épico, a Ilíada, de Homero conta-se a história de Ulisses que, a seu próprio pedido, foi preso ao mastro do navio, como símbolo da prudência que deve nortear o agir humano em face das adversidades e como símbolo do amor à sua apaixonada e fiel esposa, Penélope
Ao contrário do herói grego, Ulisses, os jovens de hoje deixam-se facilmente hipnotizar pelo canto da sereia em direcção ao engano.
Esta juventude não só não tem mais mastros aos quais lhe valha a pena amarrar, quanto mais ignora o que seja a prudência ou mesmo o significado do verdadeiro amor, que lhes é apresentado como um ato meramente fisio-biológico despojado que qualquer afetividade.
E é assim que surgem, entre outras, as drogas quais cantos de sereia que, como uma miragem, se apresentam como oferta de um alívio fugaz para um vazio existencial.
Estar atento e vigilante, propor horizontes e enchê-los de ambição, eis o antídoto para que os jovens não se percam no meio dos inúmeros cantos de sereia que hoje se apresentam.

Dia 27 DE JANEIRO

O poeta beija tudo, graças a Deus… E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade…
E diz assim: “É preciso saber olhar…”
E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças, entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos…
E levanta uma pedra escura e áspera para mostrar uma flor que está por detrás…
E perde tempo (ganha tempo…) a namorar uma ovelha…
E comove-se com coisas de nada: um pássaro que canta, uma mulher bonita que passou, uma menina que lhe sorriu, um pai que olhou desvanecido para o filho pequenino, um bocadinho de sol depois de um dia chuvoso…
E acha que tudo é importante…
E pega no braço dos homens que estavam tristes e vai passear com eles para o jardim…
E reparou que os homens estavam tristes…
E escreveu uns versos que começam desta maneira: “O segredo é amar…”
(Sebastião da Gama)

DIA 28 DE JANEIRO
A pergunta pode ser feita numa cozinha, por uma criança que está a descobrir o mundo ou por qualquer mestre espiritual.
O nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata?
Nietzsche, por exemplo, dizia que «tudo é interpretação», isto é, não há um núcleo de Ser a sustentar a nossa experiência de vida, tudo são cascas de cebola, modos de ver, perspetivas. Para lá disso não há mais nada.
Uma visão espiritual do mundo, por outro lado, está certamente do lado da batata, pois considera que mesmo escondida por uma crosta persiste uma realidade que é substanciosa e vital.
A verdade é que mesmo sabendo que a vida é uma batata, nós vivêmo-la muitas vezes como se fosse uma cebola.
Não habitamos em nós próprios e acabamos por ser levados por ideias, pontos de vistas, cascas e mais cascas. Segundo a escritora Susan Sontag, o mais urgente seria aprofundar para além dos nossos sentidos, aprendendo a ver melhor e a escutar melhor.
Só assim poderemos ser mais batata e menos cebola..

Dia 31 DE JANEIRO

Muitos dizem que a adolescência é a fase da vida dos filhos mais temida pelos pais.
Mas será que essa idade tem de ser sempre assim tão conturbada?
Muitos pais de adolescentes queixam-se por os filhos se terem tornado uns preguiçosos que só querem é ficar ‘esparramados’ no sofá a ouvir música, que tudo contestam e que só ligam às amigas e aos namoricos.
Entre outros, devido às mudanças hormonais, os adolescentes perdem aquela energia inesgotável que pareciam ter na sua meninice.
E aí há 2 coisas que os pais não devem fazer: estarem permanentemente a zangar-se ou pura e simplesmente nada fazerem.
Pelo contrário, os pais devem estimular os seus filhos adolescentes, com um sentido positivo, sem ameças ou paternalismos. A prática de um desporto, o contacto com a natureza, a inscrição no grupo de escuteiros, estudar, fazer voluntariado. Enfim, ajudá-los a vencer e, sobretudo, a vencerem-se.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Contra a legalização da droga

A nova geografia do tráfico nada mais é que uma reação ao sinal dos tempos: crise da instituição familiar, aposta na roleta russa da impunidade legal, lucro fácil e alto, além de um mercado de consumo garantido. Hipnotizados pelo canto da sereia, como Ulisses, do poema épico de Homero, os jovens deixam-se levar facilmente, ao contrário do nosso herói grego, que fora preso ao mastro do navio a seu pedido, como símbolo da prudência que deve nortear o agir humano frente às adversidades e do amor ao que lhe era caro: Penélope, sua apaixonada e fiel esposa.

O fato é que a juventude não só não tem mais mastros que valham a pena se amarrar, quanto mais ignora o que seja prudência ou mesmo amor, sinônimo de sexo, já entendido depreciadamente como um ato fisio-biológico despojado que qualquer afetividade. E, ainda assim, os defensores da legalização agem com uma ingenuidade ímpar, fincados em três argumentos principais: a guerra contra as drogas causa mais danos à sociedade que o abuso no uso de entorpecentes, a violência diminuirá com a legalização, em razão da queda do preço e as drogas se resumem a um problema da saúde pública.

O primeiro argumento é o mantra preferido pelo movimento libertário. Diante de seu laconismo, deve se perguntar a parcela da sociedade que sofreu os danos: os usuários, os traficantes, os atravessadores, os produtores ou as pessoas que moram nos bolsões dominados pelo narcotráfico? E qual a magnitude do dano supostamente sofrido? E, se houve o dano, não se trata de uma questão localizada? Será que, apesar do aumento da oferta, decorrente da legalização, não se manteriam os mesmos níveis de “danos”, pois ainda haveria muita droga ilícita, produzida para burlar os inevitáveis controles fiscais e sanitários que a legalização traria?

E os custos financeiros envolvidos para o Estado, porquanto a liberação não poderia ser implementada sem uma paralela promessa de tratamento pelo sistema público de saúde, sobretudo para os mais pobres, ou seja, numa relação de oferta gerando demanda inelástica?

O segundo argumento porta uma mensagem subliminar: a legalização torna o Estado um parceiro do narconegócio, responsável não só pelo tratamento médico dos usuários, mas pela escolha do fornecedor, pela oferta da droga, a qual deverá se submeter a rígidos controles sanitários e tributários, pela educação do usuário para uma “correta” utilização do entorpecente e pelo combate às pragas nas plantações, a fim de assegurar a qualidade do produto final.

Quem sabe o Estado ainda se incumbirá pela compra e armazenamento de drogas para a criação de estoques reguladores, a serem despejados no mercado quando o preço da droga estiver em alta, sem prejuízo da reformulação de toda legislação (cível, criminal, educacional, sanitária) que pressupõe justamente a ilicitude da droga. Ou poderá estabelecer parcerias público-privadas para novas fronteiras de plantio ou criar uma linha de crédito rural no Banco do Brasil, a juros módicos...

Prefiro crer que o Estado não teria condições de “competir” ou atuar como parceiro, em qualquer grau, num hipotético mercado, cuja “commodity” seria a droga in natura, pois este mercado é imenso e opera com lucros de maneira excepcional. Não é a toa que se trata da segunda economia mais lucrativa do mundo, abaixo de seu irmão siamês, o tráfico de armas. Além disso, penso que o narcotráfico não esteja lá muito disposto a compartilhar o lucro, ao contrário dos custos...

O terceiro argumento tem sido o lugar-comum para todos os problemas de saúde eminentemente individuais: cigarro, álcool, obesidade, doenças sexualmente transmissíveis, aborto e, agora, drogas. A premissa está na idéia de uma sociedade enferma, tal o número de incidência de casos verificados. Lembro que, em regra, essas consequências são fruto de escolhas pessoais, livremente feitas, cujo ônus passa a ser suportado pelo sistema público de saúde, já saturado por outras demandas.

As drogas são um problema individual, decorrentes da procura de um alívio fugaz para o vazio existencial que cerca a pessoa. De volta à realidade, o dependente vai buscar sua cura na grande bacia de salvação prometida pelo Estado, a quem se pretende, na ótica libertária, a incumbência da fiscalização e do controle do mercado de drogas. Dois erros somados não resultam num acerto...

O laxismo social nos costumes provoca os resultados que estampam diariamente os jornais. Cada vez que algum intelectual ou uma celebridade aparecer glamourizando a droga, como se tivesse algumas verdades eternas a dizer, no fundo, valoriza-se o universo subjetivo da droga, de que o tráfico é a manifestação mais objetiva e cruel.

A questão da legalização da droga, que deve ser vista com mais seriedade do que ingenuidade, fará com que o Estado suba a novos patamares de delírio e, juntamente com as seringas que já são hoje oferecidas, deveria aproveitar a ocasião para distribuir também algumas doses como bônus. Para captação de clientela.


André Gonçalves Fernandes, Juiz de Tribunal de Família

Fonte: Portal da Família

Os pais perante a adolescência


Muito se diz que a adolescência é a fase da vida dos filhos mais temida pelos pais. Mas será que essa idade tem de ser sempre tão conturbada assim?

Muitos pais de adolescentes se queixam dizendo: “Meu filho se tornou um preguiçoso, vive agora ‘esparramado’ no sofá a ouvir música”. Alguns lamentam: “Ele está tão rebelde, contesta tudo e a tudo exige explicações”. Os mais ciumentos, cheios de saudades reclamam: “minha filha agora que está se tornando moça nem liga mais para nós, só pensa em ficar com as amigas e de ‘namoricos’”.

Será que são preguiçosos? Não é verdade que o adolescente seja de fato preguiçoso. Nessa fase, devido às mudanças hormonais e outros fatores biológicos, é natural que lhes custe mais desempenhar tarefas que exigem esforços. Aliás, aquela vitalidade incansável da criança, que corre de um lado para o outro, sempre solícitos a fazer o que lhes pedem, não poderia durar para sempre.

É conveniente, então, sabendo que essa “moleza” surgirá nessa fase da vida, que os pais os estimulem com carinho e compreensão. Não se trata de deixar as coisas correrem, pensando que “logo isso passa”. Se não se fizer nada, não passa não, e terão esse vício para o resto da vida. Mas há que ser estimular com um sentido positivo, sem ares de ameaça ou de reclamação, a fazer algum esporte, a estudar, a envolver-se em atividades de serviço aos demais (voluntariado), enfim, a vencer e, sobretudo, vencer-se.

Talvez a crítica mais injusta que se faz contra o adolescente seja a de que é rebelde. A rebeldia em si não é ruim, mas deve ser bem orientada. E se o for é capaz de mudar o mundo. As crianças trazem gravadas na alma um sentido muito forte de justiça. Quando crescem e passam a compreender um pouco melhor o mundo e a tomar conta das injustiças, hipocrisias e traições que há nas pessoas, seus corações puros tendem a rebelar-se, sobretudo contra aqueles que ousam dizer-lhes que “as coisas são assim mesmo, afinal, quando você for da minha idade entenderá”. Que frase mais inútil e de mau gosto para ser pronunciada a um adolescente! Ainda que o adulto que a pronuncia tenha razão, seguramente não é com ela que convencerá o jovem a nada.

Por que incomoda ou intriga que estejam de “paqueras”? Salvo para umas poucas pessoas, que por escolha ou um desígnio qualquer que não convém aqui investigar optam pelo celibato, a grande maioria das pessoas sonha em se casar, em constituir uma família. E para essas, o desejo de dar-se a outra pessoa começa já nessa fase da vida. Dar-se, não no sentido de relação sexual, mas de entrega a alguém com quem um dia se vai formar uma comunhão plena de vida, parafraseando o nosso Código Civil. Assim, está-se a procura desse alguém com quem mereça compartilhar uma vida.

É bem verdade que alguns jovens vivem isso de forma inconseqüente. É momento, então, de orientá-los, fazendo-os enxergar a imensa dignidade que encerra a condição de ser humano, de modo que essa doação a outra pessoa há de ser ponderada, refletida, ainda que tenha como impulso uma forte carga emotiva.

Os conflitos da adolescência são devidos mais aos pais que aos filhos. Afinal, os pais já passaram por essa fase, portanto, seria muito mais lógico exigir deles a compreensão, o carinho e a atenção de que os filhos tanto necessitam nessa idade. Mas a solução não é encontrar culpados e sim empreender esforços por harmonizar essa relação. Para isso, muitas vezes os pais de nosso tempo não conseguem empreender essa luta sozinhos. Têm de buscar conselhos em bons profissionais. Há também bons cursos que ensinam a educar os filhos nas diversas fases da vida, em especial nessa.

Enfim, têm de estudar e colocar os estudos em prática sobre a educação dos filhos. E convém lembrar que na educação, como em quase tudo, é melhor chegar antes que o problema. Assim, o momento ideal para pensar em como educar adolescentes é quando os filhos estão ainda na infância.



Fábio Henrique Prado de Toledo, Juiz de Direito

Fonte: Portal da Família

Desde 2009 que há menos nascimentos

Apesar de continuar elevado, o número de jovens que é mãe está a diminuir e 2009 foi o ano em que houve menos nascimentos desde 1970

Fonte: Público

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amazing Grace




Amazing Grace, o filme. Única sessão, 6ªfeira 28. 21h30
Sexta-feira, 28 de Janeiro às 21:30
Local: Cinema Alvalaxia, Lisboa
Bragaparque, Braga

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Falsa médica fez abortos ilegais

No falso consultório, Margarida realizava interrupções voluntárias da gravidez. Caso fossem grávidas com o período de gestação até às dez semanas, cobrava 450 euros. Se já tivessem ultrapassado as dez semanas de gestação, a interrupção custava 2 mil euros.
A clínica angariava clientes através de publicidade nas páginas amarelas ou na internet. Foi desactivada em Janeiro de 2009, após uma busca da PSP. Margarida da Costa foi apanhada em flagrante, quando fazia uma cirurgia


In Correio da Manhã

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Crónica de um aborto

O ar levemente frio da sala de exame me deu uma sensação de calafrio. Meus olhos estavam ainda fixos na imagem desse bebê perfeitamente formado. Eu estava assistindo à medida que uma nova imagem entrava na tela do vídeo. A cânula — um instrumento em forma de canudo ligado à extremidade do tubo de sucção — havia sido inserida no útero e estava se aproximando do lado do bebê. Parecia um invasor na tela, fora de lugar. Errado. Parecia simplesmente errado.
Meu coração estava batendo aceleradamente. O tempo estava andando devagar. Eu não queria olhar, mas não queria parar de olhar também. Eu não conseguia assistir. Fiquei horrorizada, mas fascinada ao mesmo tempo, como alguém acanhado que diminui a velocidade enquanto passa de carro por algum horrível acidente de carro — não querendo ver um corpo mutilado, mas apesar de tudo olhando.
Meus olhos voaram para a face da paciente; lágrimas escorriam dos cantos dos olhos dela. Eu podia ver que ela estava sofrendo. A enfermeira tocou levemente a face da mulher com um lenço.
“Apenas respire”, a enfermeira gentilmente a instruiu. “Respire”.
“Já está quase no fim”, sussurrei. Eu queria ficar focada nela, mas meus olhos rapidamente voltaram para a imagem na tela.
No começo, o bebê não estava consciente da cânula, que gentilmente examinou o lado dele, e por um rápido segundo senti alívio. “É claro”, pensei. O feto não sente dor. Eu tinha assegurado a inúmeras mulheres disso conforme a Federação de Planejamento Familiar havia me ensinado. “A massa fetal nada sente quando é removida. Por isso, controle-se, Abby. Essa é uma operação simples e rápida”. Minha cabeça estava trabalhando muito para controlar minhas reações, mas eu não estava conseguindo abalar uma inquietação interior que estava rapidamente se transformando em terror enquanto eu assistia à tela.
O próximo movimento foi o súbito puxão de um pezinho enquanto o bebê começou a dar chutes, como se estivesse tentando se afastar do invasor examinador. À medida que a cânula pressionava o lado dele, o bebê começou a lutar para virar e escapar. Parecia claro para mim que ele estava conseguindo sentir a cânula, e ele não estava gostando do que estava sentindo. E então a voz do médico cortou o ar, me espantando.
“Mais luz aqui, Scotty”, ele disse despreocupadamente para a enfermeira. Ele estava dizendo a ela que ligasse a sucção — numa operação de aborto a sucção não é ligada até o médico sentir que tem a cânula exatamente no lugar certo.
Tive um impulso súbito de gritar “Parem!” para abalar a mulher e dizer: “Olhe para o que está acontecendo com o seu bebê! Acorde! Rápido! Impeça-os!”
Mas ao mesmo tempo em que pensei nessas palavras, olhei para a minha mão segurando a sonda. Eu era um “deles” realizando esse ato. Meus olhos rapidamente voltaram para a tela de novo. A cânula já estava sendo girada pelo médico, e agora eu conseguia ver o corpinho sendo violentamente torcido pela cânula. Nesse momento brevíssimo parecia como se o bebê estivesse sendo torcido como um pano de prato, torcido e espremido. E então começou a desaparecer dentro da cânula diante dos meus olhos. A última coisa que vi foi a espinha dorsal, pequenina e perfeitamente formada, sendo sugada pelo tubo, e então se foi. E o útero estava vazio. Totalmente vazio.
Fiquei petrificada, sem poder acreditar. Sem perceber, larguei a sonda, que deslizou pela barriga da paciente e foi parar numa das pernas dela. Eu estava conseguindo sentir meu coração batendo muito — batendo tão forte que meu pescoço palpitava. Tentei respirar fundo, mas parecia que eu não estava conseguindo respirar. Meus olhos ainda estavam parados na tela, ainda que estivesse escura agora porque eu tinha perdido a imagem. Mas eu estava longe de tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Eu me sentia chocada e abalada demais para me mover. Eu estava consciente do médico e da enfermeira tendo um bate-papo causal enquanto trabalhavam, mas tudo parecia distante, como vago barulho no fundo, difícil de ouvir com todo o som da pulsação do meu próprio sangue em meus ouvidos.
A imagem do corpinho, mutilado e sugado, estava rodando de novo na minha mente, e com ela a imagem do primeiro ultrassom de Grace — como ela tinha aproximadamente o mesmo tamanho. E eu podia ouvir em minha memória um dos muitos argumentos que eu tive com meu marido, Doug, acerca do aborto.
“Quando você estava grávida de Grace, não era um feto; era um bebê”, Doug havia dito. E agora isso me atingiu como um raio. “Ele estava certo! O que estava no útero dessa mulher a apenas um momento atrás estava vivo. Não era apenas massa, apenas células. Era um bebê humano. E estava lutando por sua vida! Uma batalha que ele perdeu numa fração de segundos. O que eu disse para as pessoas durante anos, o que tenho crido, ensinado e defendido, é mentira”.
De repente senti os olhos do médico e da enfermeira em mim. Fiquei abalada e sem saber o que pensar. Notei a sonda caída na perna da mulher e tateei para colocá-la de volta no lugar. Mas minhas mãos estavam tremendo agora.
“Abby, está tudo bem com você?” o médico perguntou. Os olhos da enfermeira sondaram a minha face com preocupação.
“Sim, estou bem”. Eu ainda não tinha conseguido colocar a sonda na posição correta, e agora eu estava preocupada porque o médico não estava conseguindo ver o interior do útero. Minha mão direita segurava a sonda, e minha mão esquerda descansava timidamente na barriga quente da mulher. Dei uma espiada rápida na face dela — mais lágrimas e uma expressão facial de sofrimento. Movi a sonda até recapturar a imagem do útero dela agora vazio. Meus olhos voltaram a olhar minhas mãos. Olhei para elas como se nem fossem minhas.
Quantos estragos essas mãos fizeram durante os oito anos passados? Quantas vidas foram tiradas por causa delas? Não só por causa das minhas mãos, mas também por causa das minhas palavras. E se eu tivesse conhecido a verdade, e se eu tivesse contado a todas aquelas mulheres?
E se?
Eu havia acreditado numa mentira! Eu havia cegamente promovido o “programa da empresa” por muito tempo. Por quê? Por que eu não tinha feito pesquisas para descobrir a verdade por mim mesma? Por que eu fechei os ouvidos para os argumentos que eu havia ouvido? Oh, Deus, o que eu havia feito?
Minha mão ainda estava na barriga da paciente, e eu estava tendo a sensação de que eu tinha acabado de arrancar dela algo com essa mão. Eu a tinha roubado. E minha mão tinha começado a doer — eu estava sentindo uma real dor física. E bem ali, quando eu estava em pé ao lado da mesa, com a mão na barriga da mulher em choro, este pensamento veio do fundo de dentro de mim:
“Nunca mais! Nunca mais”.
Entrei num estado automático, agindo como um robô. Enquanto a enfermeira limpava a mulher, eu afastava a máquina de ultrassom. Então, gentilmente despertei a paciente, que estava mancando e grogue. Eu a ajudei a se sentar, convenci-a a usar uma cadeira de rodas, e levei-a à sala de recuperação. Envolvi-a num cobertor leve. Como tantas pacientes que eu tinha visto antes, ela continuou a chorar, em óbvio sofrimento emocional e físico. Fiz tudo o que pude para deixá-la com mais conforto.
Dez minutos, talvez 15 no máximo, haviam passado desde que Cheryl tinha pedido para eu ajudá-la na sala de exames. E nesses poucos minutos, tudo mudou. Drasticamente. A imagem daquele bebezinho se torcendo e lutando ficou rodando de novo na minha mente. E a paciente. Senti-me tão culpada. Eu havia tirado algo precioso dela, e ela nem mesmo sabia disso.


Iº capitulo do livro de Abby Johnson, da editora Ignatius Press (traduzido via Notícias Pró-Família)

O homem como valor intrínseco absoluto


"Somente o homem, considerado como pessoa, isto é, como sujeito de uma razão prático-moral, está acima de todo o preço; pois que, como tal (como homo noumenon), não pode valorar-se apenas como meio para fins alheios, mas sim como fim em si mesmo, isto é, possui uma dignidade (um valor intrínseco absoluto) mediante o qual obriga todos os demais seres racionais do mundo a guardar-lhe respeito, podendo medir-se com qualquer outro desta espécie e valorar-se em pé de igualdade"


Immanuel Kant

A metafísica dos Costumes. I. Doutrina Ética Elementar

Liberdade de educação

A legislação recentemente aprovada pelo Governo acerca dos apoios do Estado ao ensino particular e cooperativo tem o duplo mérito de condicionar o Ministério da Educação a desvelar alguns aspectos que preferiria manter no segredo dos deuses da 5 de Outubro e de promover o debate em torno da liberdade de educação junto da opinião pública.



No que diz respeito ao primeiro ponto, algumas coisas já foram faladas, outras terão desenvolvimento no futuro. Quanto ao segundo, por muito que se diga e se escreva, parece que a mensagem não entra, complicando-se o que é simples e simplificando-se o que é relativamente complicado.



Quanto ao financiamento da educação, a liberdade de educação pode dar passos em frente mediante quatro instrumentos:
- contratos estabelecidos entre o Estado e as escolas, como aqueles que o Governo tratou de limitar recentemente;
- desagravamento fiscal mediante deduções nos impostos de uma parte dos gastos escolares;
- cheque escolar atribuído às famílias para uso nas escolas que escolherem para os filhos;
- e serviço público de educação aberto a todas as escolas, estatais e privadas, que a ele queiram aderir

Learn to be happy

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A vida é uma cebola ou uma batata ?


Comecemos talvez de um modo desajeitado, perguntando: o nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata?
A pergunta faz-nos sorrir, é um bocado cómica, mas, se quisermos, acaba por colocar-nos perante a nossa realidade de uma forma bastante profunda. A pergunta pode ser feita numa cozinha, por uma criança que está a descobrir o mundo, pode ser proferida por filósofos nos seus tratados ou pode ser formulada por um mestre espiritual.
O nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata?
Nietzsche, por exemplo, dizia que «tudo é interpretação», isto é, não há um núcleo de Ser a sustentar a nossa experiência de vida, tudo são cascas de cebola, modos de ver, perspetivas, interpretações. Para lá disso não há mais nada.
Uma visão espiritual do mundo, por outro lado, está certamente do lado da batata, pois considera que mesmo escondida por uma crosta ou por um véu persiste uma realidade que é substanciosa e vital.

A verdade é que mesmo sabendo que a vida é uma batata, nós vivêmo-la muitas vezes como se fosse uma cebola. Vivemos de opiniões, de verdades parciais e provisórias, de paixões, vivemos aparências e modas como se a vida fosse isso. Esgotamo-nos a desfilar cascas e camadas, sem um centro que nos dê realmente acesso ao pleno sentido.
Há uma escritora contemporânea, Susan Sontag, que diz que a nossa existência como que fica sequestrada neste sem fim de interpretações que nos distraem da viagem essencial. Não habitamos em nós próprios, levados por ideias, pontos de vistas, cascas e mais cascas. Segundo ela, o mais urgente seria apurar e aprofundar os nossos sentidos, aprendendo a ver melhor, a sentir melhor, a escutar melhor.


Tolentino Mendonça

In Diário da Madeira

domingo, 16 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Petição contra o fim do desporto escolar

As recentes medidas de extinção de programas e apoios aos alunos terá consequências desastrosas quer para os resultados escolares, quer para os alunos.

O fim do Desporto Escolar nas escolas é uma dessas medidas.

Quem quiser manifestar a sua desaprovação, pode fazê-lo, através da assinatura on line da presente petição

http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N5388

Sal e Luz- Viver em assertividade, Claudia Ng Deep




Apresentação do livro "Sal e Luz - viver em assertividade" - de cláudia deep


P.S.- A Dra Cláudia Deep é docente de Psicologia no Inuaf e, além de outras iniciativas de carácter cívico, é também colaboradora da nossa Plataforma Algarve pela Vida

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Efeitos do fanatismo da ideologia de género


A Comissão para a Igualdade do Congresso dos Deputados de Espanha aprovou uma proposta de lei que obriga os professores e funcionários não docentes a reprimir as crianças que brincam nos recreios a jogos que possam configurar a defesa do sexismo. Só o Partido Popular votou contra esta idiotice. Entre os jogos que passam a ser inaceitáveis estão os jogos que transmitam visões tradicionais sobre o papel e as atitudes das mulheres. Colocar as meninas a brincar com bonecas é inaceitável, a não ser que os meninos também sejam obrigados a envolverem-se em brincadeiras com bonecas. Os jogos tradicionais entram quase todos no índex das proibições. Não tarde nada que as fábulas e contos tradicionais infantis sejam proibidos na escola. Daí a proibir obras-primas da literatura universal, do Dom Quixote de la Mancha às peças de Shakespeare, vai um passo muito pequeno. Um passo que será dado se nós ficarmos quietos.

O que os socialistas espanhóis querem é que os professores sejam polícias de uma visão politicamente correcta do Mundo. Essa visão politicamente correcta assenta na hipervalorização das questões relacionadas como o sexo e pretende impor uma visão do Mundo que privilegie os valores que a elite política esquerdista que capturou o Estado e o espaço mediático acha que são os únicos válidos. Qualquer semelhança entre isto e o nazismo não é pura coincidência. Coisas destas são produto de uma mesma estrutura mental, doentia, perigosa e totalitária.


In ProfBlog

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Aborto praticado como método contraceptivo


«Há a percepção em vários centros (hospitalares) de que as pessoas usam a interrupção voluntária da gravidez como método de acabar uma gravidez. Há pessoas que já fizeram mais do que uma interrupção, porque a veem como uma solução fácil para o problema», alertou José Martinez Oliveira (presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstetrícia), , explicando que já casos que já nem recorrem à pílula de emergência.


domingo, 9 de janeiro de 2011

TEXTOS RÁDIO COSTA D’OIRO de 4 a 10 de Janeiro



DIA 4 DE JANEIRO
OS EFEITOS DA MONOPARENTALIDADE

Uma investigação denominada "Fragile Families and Child Wellbeing Study", realizada conjuntamente pelas universidades de Princeton e Columbia, que seguiu, desde o seu nascimento até aos 9 anos, 5.000 filhos cujos pais viviam juntos sem estarem casados indica que, ao fim de 5 anos, só 16% dos casais se casaram e só 20% é que continuaram em coabitação.
Ou seja, 80% dos casais que vivem em união de facto acabam por se separar. Por sua vez, em Portugal, metade do número de casais que vivem dentro do casamento acabam em divórcio.
Isto significa que, apesar da percentagem de separações ser grande em qualquer dos casos, no casamento, ela é, apesar de tudo menor do que nas uniões de facto.
Por outro lado, o estudo destas universidades norte-americanas demonstra que a separação e o começo das novas relações por parte dos pais biológicos com terceiras pessoas implica, na maioria dos casos, um maior afastamento dos seus filhos.
Segundo Andrew Cherlin, sociólogo e autor do livro "The Marriage-Go-Round: The State of Marriage and the Family in America Today", 21% das crianças filhas de pais separados até aos seus 15 anos lida, em media, com 2 companheiros sentimentais da sua mãe e em 8%, com três ou mais de três.
Destes dados resultam 2 conclusões:
Que o casamento, apesar de tudo, ainda oferece mais solidez do que as uniões de facto e que, em qualquer caso, as separações entre progenitores implica necessariamente, ainda que involuntariamente, um maior afastamento dos pais em relação aos filhos.


DIA 5 DE JANEIRO
AUMENTO DO ABORTO EM PORTUGAL


Os últimos dados estatísticos provam aquilo que para muitos era óbvio, antes de se alterar a legislação: três anos depois da despenalização do aborto em Portugal, o número de abortos está a crescer de forma assustadora.
Este ano, foram feitos, em média, 53 abortos por dia.
Na análise a estes números, o director de obstetrícia do Hospital de Santa Maria lamenta que as mulheres não tenham compreendido a lei e que não haja mais medidas de prevenção da gravidez.
A realidade é de tal modo assustadora, com os especialistas e defensores da lei a reconhecerem que a prática do aborto é hoje um método anti-concepcional, que só por si deveria levar os responsáveis a reconhecer o erro das teses que defenderam em 2007.
Diante de uma tragédia destas dimensões, o pior que se pode fazer é persistir no erro.
Três anos depois, está na altura de se reabrir uma discussão que nunca foi feita de forma honesta. Os que em 2007 defenderam com tanto calor os direitos das mulheres não podem agora ficar calados diante das estatísticas que, em 2010, são reais, ao contrário dos números ilusórios que se debateram há três anos.
Este texto é da autoria da jornalista Raquel Abecassis.


Dia 6 DE JANEIRO

A ANESTESIA DO POVO



Começamos este novo ano com um sentimento de beco sem saída, de apatia e desistência
Fomo-nos tristemente habituando à promiscuidade entre interesses públicos e privados. Vulgarizou-se a ideia de que um partido pode colocar os "seus" em certos lugares nas empresas privadas para depois os utilizar como peões de uma estratégia de poder e controlo sobre os media e a sociedade em geral.
Claro que sempre se disse mal dos políticos pelas esquinas e cafés. A diferença é que agora ouvimos o mesmo discurso pelas alcatifas bem cuidadas dos escritórios, bancos e universidades. Generalizou-se entre as elites uma ideia negativa sobre a política. Perdeu-se a noção de serviço público.
A vida vai-se fechando num círculo cada vez mais privado. As pessoas cruzaram os braços, estão indiferentes, anestesiadas. Cada um a tratar da sua vidinha. A pensar na carreira. A ganhar dinheiro. O resto não vale a pena, nem justifica "sujar as mãos". Com a crise sobra ainda menos tempo para a vida pública.
Há que quebrar este circulo vicioso.
Este texto é da autoria de Paulo Marcelo, professor universitário.


DIA 7 DE JANEIRO
ESCUTISMO


O Escutismo é um Movimento Mundial, de carácter não político, aberto a todos, com o propósito de contribuir para a educação integral dos jovens de ambos os sexos, baseado na adesão voluntária a um quadro de valores expressos na Promessa e Lei escutistas.
Em Portugal e no Algarve, existem diferentes tipos de Escuteiros associados a Igrejas Evangélica, Católica ou sem associação religiosa.
No Caso do Corpo Nacional de Escutas- CNE, existe uma ligação à Igreja Católica e a sua implantação no Algarve é muito forte e enraízada.
Na fundação de mais um agrupamento deste corpo, desta vez em S.Brás de Alportel, há 1 ano atrás, o assistente regional CNE explicou que o escutismo não é só acampamentos e jogos pelas ruas. Isso faz falta, mas também faz falta a formação humana e cristã”, afirmou.
Preparar os jovens para a vida futura, reforçando os seus valores e fortalecendo as suas virtudes, eis os fins do movimento mundial do escutismo.


Dia 10 DE JANEIRO
MUDAR DE VIDA


Prometo, não toco em nada, na crise que todos falam, prometo passar ao largo, mas se é global como dizem, se não vem da natureza, terei também que assumir a quota parte de culpa que me cabe neste transe, nesta parcela que habito, onde vivo e onde voto, nas coisas que não preciso e que compro sem poder, muitas vezes a dever
Mas o pior é que faço do consumo a minha regra, e aumento sem saber a perversão que hoje existe, sem horizonte ou remédio, desligada da memória, desligados uns dos outros, recurvados no umbigo, perdeu a vida o sentido e moralista não sou.
Para obviar ao que digo vou olhar o firmamento, contar as estrelas do céu, descobrir nas madrugadas o cheiro que a terra tem e agradecer a beleza bem criada por Alguém!
Faço parte deste todo, sozinho não sou ninguém. Para conseguir tudo isto eu só vejo uma saída – vamos ter que mudar de vida

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Sem abrigo redimido

Impressionante e emotivo testemunho de vida, via inimputável



P.S.- Entretanto, aconteceu o que já se estava à espera que acontecesse...

O que é o casamento vs casamento gay


Aqui, podem-se encontrar 4 textos muito interessantes sobre o que é o casamento e porque é que pessoas do mesmo sexo não devem a ele ter acesso.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Cavaco veta bandalheira técnico-jurídica

O Decreto nº 68/XI, não assegurando que estes objectivos sejam alcançados, contribui, devido às deficiências técnico-jurídicas de que padece, para adensar situações de insegurança e de incerteza, inquestionavelmente lesivas para aqueles que, de uma forma comprovada com rigor, possuam uma perturbação da identidade de género.

5 – Nos termos do regime que o Decreto nº 68/XI visava instituir, o requerimento a apresentar na conservatória do registo civil para mudança de sexo e de nome próprio deve ser acompanhado de um “relatório médico que comprove o diagnóstico de perturbação de identidade de género, também designada como transexualidade, elaborado por equipa clínica multidisciplinar de sexologia clínica em estabelecimento de saúde público ou privado, nacional ou estrangeiro”.

6 – Porém, o diploma em apreço é, desde logo, omisso quanto aos critérios de diagnóstico da perturbação de identidade de género.

Não se definindo esta perturbação nem, tão-pouco, os respectivos critérios de diagnóstico, a interpretação da norma será deixada por inteiro à apreciação livre da entidade emitente do relatório o que, sem o devido controlo, não oferece as garantias de rigor técnico que devem estar presentes em casos particularmente delicados para a salvaguarda da dignidade da pessoa humana, como são os que ocorrem neste domínio.

7 – Não por acaso, de acordo com os critérios da classificação internacional de doenças – ICD10 –, e, bem assim, de acordo com as melhores práticas seguidas nesta área, o diagnóstico estrito de transexualismo só é considerado firme após a comprovação durante, pelo menos, dois anos da persistência da perturbação.

Esta é, de resto, a solução adoptada, por exemplo, pela lei que vigora em Espanha, a qual exige, inclusivamente, dois anos de acompanhamento médico para adequar as características físicas às do sexo pretendido.

8 – Nos termos do regime que o Decreto nº 68/XI se propunha estabelecer, as pessoas que detêm perturbação de identidade de género encontram-se desprotegidas relativamente a um eventual erro de diagnóstico ou à própria reponderação da sua decisão de mudança de sexo – a qual, segundo a opinião de especialistas, pode ocorrer nos estádios iniciais da referida perturbação.

9 – Muito problemática é, também, a ausência de critérios para a emissão do relatório clínico. De facto, sendo o requerimento acompanhado unicamente desse relatório e não dispondo o conservador de possibilidade de controlo substancial do mesmo, impunha-se que a lei fosse muito exigente quanto às condições para a sua emissão.

Ora, nos termos do regime aprovado, o relatório é elaborado por “equipa multidisciplinar de sexologia clínica em estabelecimento de saúde público ou privado, nacional ou estrangeiro”.

Admite-se, pois, que profissionais sem a necessária especialização ou qualquer tipo de preparação para o acompanhamento de casos desta natureza, em regra muito complexos, possam constituir uma equipa multidisciplinar – cuja composição o decreto em apreço não especifica – e emitam certificados que serão, obrigatoriamente, seguidos pelo conservador para o efeito da mudança de sexo e nome no registo. Com efeito, a sexologia clínica não corresponde a uma especialidade médica reconhecida em Portugal e o decreto é igualmente omisso quanto à qualificação profissional específica do psicólogo que integre a referida equipa.

Ainda mais grave, o mesmo relatório pode ser emitido em estabelecimento de saúde, público ou privado, estrangeiro, por clínicos cujas habilitações não são reconhecidas ou sequer controladas pelas autoridades portuguesas – ao contrário do que sucede, por exemplo, nas leis em vigor em Espanha ou no Reino Unido. Assim, não existe qualquer possibilidade de sujeitar esses profissionais ao cumprimento mínimo de regras éticas e deontológicas, com claro prejuízo para o interesse público e para os direitos e interesses daqueles que pretendem efectuar a mudança de sexo.

10 – Não são, ainda, negligenciáveis os efeitos negativos deste regime na ordem jurídica, designadamente na confiança que inquestionavelmente deve estar associada ao sistema público de registo.

Na verdade, o registo tem por objectivo dar publicidade a determinados factos. Por esta razão, o regime do Decreto nº 68/XI prevê a alteração do averbado no registo civil de modo a tornar o género registado conforme com a aparência demonstrada pela pessoa.

Ora, pelas razões mencionadas, a completa ausência de densidade normativa (v.g., na definição do conceito de perturbação de identidade de género ou dos critérios de diagnóstico) torna o registo, indesejavelmente, fonte de insegurança e de incerteza jurídicas. Permitir a mudança de sexo em casos não comprovados ou cujo diagnóstico se revele insuficiente será muito prejudicial para a confiança pública no sistema registal.

11 – Assim, o regime a aprovar nesta matéria não deve, de modo algum, pelas suas deficiências técnico-jurídicas e pela sua ausência de clareza e densidade, contribuir para agravar a situação de quem possui perturbação de identidade de género, uma situação que, importa afirmá-lo, se reveste frequentemente de contornos dramáticos do ponto de vista da auto-realização individual e do direito ao livre desenvolvimento da personalidade.

12 – Por último, numa matéria deste melindre e complexidade, em que existe um grande desconhecimento do que verdadeiramente está em causa – na essência, uma perturbação de índole clínica –, importa que a comunidade compreenda o sentido e o alcance das intervenções do legislador, as quais devem primar pelo seu apuro técnico-jurídico e por uma real preocupação de salvaguarda dos interesses e direitos das pessoas.

Ora, tal não ocorre, manifestamente, com o Decreto nº 68/XI, razão pela qual entendi devolvê-lo, sem promulgação, à Assembleia da República, de modo a que esta matéria seja objecto de uma análise mais aprofundada por parte dos Senhores Deputados, com vista a uma adequada ponderação dos interesses que comprovadamente se mostrem merecedores de tutela pelo Direito.


Com elevada consideração,

Palácio de Belém, 6 de Janeiro de 2011

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Aníbal Cavaco Silva

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Apoiar a Cáritas


No Algarve, quem quiser e puder apoiar as vitimas da crise, em especial, as que
vivem em situação de desemprego poderá fazê-lo através da Cáritas do Algarve.


A Diocese do Algarve, por sua vez, criou também um novo Fundo, denominado "Fundo Diocesano Social", com o mesmo objectivo.


No caso da Cáritas, o apoio pode ser feito através de donativos, com a vantagem das pessoas particulares e daas empresas poderem receber da Cáritas o respectivo recibo com
efeitos fiscais a nível do IRS ou IRC.


Aqui ficam os NIBS de cada um:

- NIB Cáritas: 001000002271572010171

- NIB Fundo Diocesano Social: 001800000617213600178

O paradoxo dos não nascidos

Excelente artigo de opinião, no The New York Times, de 2 de Janeiro, sobre os paradoxos do aborto na sociedade cínica e hipócrita dos nossos dias:
The American entertainment industry has never been comfortable with the act of abortion. Film or television characters might consider the procedure, but even on the most libertine programs (a “Mad Men,” a “Sex and the City”), they’re more likely to have a change of heart than actually go through with it. Reality TV thrives on shocking scenes and subjects — extreme pregnancies and surgeries, suburban polygamists and the gay housewives of New York — but abortion remains a little too controversial, and a little bit too real.

This omission is often cited as a victory for the pro-life movement, and in some cases that’s plainly true. (Recent unplanned-pregnancy movies like “Juno” and “Knocked Up” made abortion seem not only unnecessary but repellent.) But it can also be a form of cultural denial: a way of reassuring the public that abortion in America is — in Bill Clinton’s famous phrase — safe and legal, but also rare.

Rare it isn’t: not when one in five pregnancies ends at the abortion clinic
. So it was a victory for realism, at least, when MTV decided to supplement its hit reality shows “16 and Pregnant” and “Teen Mom” with last week’s special, “No Easy Decision,” which followed Markai Durham, a teen mother who got pregnant a second time and chose abortion.

MTV being MTV, the special’s attitude was resolutely pro-choice. But it was a heartbreaking spectacle, whatever your perspective. Durham and her boyfriend are the kind of young people our culture sets adrift — working-class and undereducated, with weak support networks, few authority figures, and no script for sexual maturity beyond the easily neglected admonition to always use a condom. Their televised agony was a case study in how abortion can simultaneously seem like a moral wrong and the only possible solution — because it promised to keep them out of poverty, and to let them give their first daughter opportunities they never had.

The show was particularly wrenching, though, when juxtaposed with two recent dispatches from the world of midlife, upper-middle-class infertility. Last month there was Vanessa Grigoriadis’s provocative New York Magazine story “Waking Up From the Pill,” which suggested that a lifetime on chemical birth control has encouraged women “to forget about the biological realities of being female ... inadvertently, indirectly, infertility has become the Pill’s primary side effect.” Then on Sunday, The Times Magazine provided a more intimate look at the same issue, in which a midlife parent, the journalist Melanie Thernstrom, chronicled what it took to bring her children into the world: six failed in vitro cycles, an egg donor and two surrogate mothers, and an untold fortune in expenses.

In every era, there’s been a tragic contrast between the burden of unwanted pregnancies and the burden of infertility. But this gap used to be bridged by adoption far more frequently than it is today. Prior to 1973, 20 percent of births to white, unmarried women (and 9 percent of unwed births over all) led to an adoption. Today, just 1 percent of babies born to unwed mothers are adopted, and would-be adoptive parents face a waiting list that has lengthened beyond reason.

Some of this shift reflects the growing acceptance of single parenting. But some of it reflects the impact of Roe v. Wade. Since 1973, countless lives that might have been welcomed into families like Thernstrom’s — which looked into adoption, and gave it up as hopeless — have been cut short in utero instead.

And lives are what they are. On the MTV special, the people around Durham swaddle abortion in euphemism. The being inside her is just “pregnancy tissue.” After the abortion, she recalls being warned not to humanize it: “If you think of it like [a person], you’re going to make yourself depressed.” Instead, “think of it as what it is: nothing but a little ball of cells.”

It’s left to Durham herself to cut through the evasion. Sitting with her boyfriend afterward, she begins to cry when he calls the embryo a “thing.” Gesturing to their infant daughter, she says, “A ‘thing’ can turn out like that. That’s what I remember ... ‘Nothing but a bunch of cells’ can be her.”

When we want to know this, we know this. Last week’s New Yorker carried a poem by Kevin Young about expectant parents, early in pregnancy, probing the mother’s womb for a heartbeat:

The doctor trying again to find you, fragile,

fern, snowflake. Nothing.

After, my wife will say, in fear,

impatient, she went beyond her body,

this tiny room, into the ether—

... And there

it is: faint, an echo, faster and further

away than mother’s, all beat box

and fuzzy feedback. ...

This is the paradox of America’s unborn. No life is so desperately sought after, so hungrily desired, so carefully nurtured. And yet no life is so legally unprotected, and so frequently destroyed.

Ross Douthat

New York Times

2 de Janeiro de 2011

Vidas indignas de serem vividas




segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Que fazemos nós do tempo ?


Que uma conversa destas exige lentidão, previne-o o passo célebre das "Confissões" de Santo Agostinho: «Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu o sei; se desejo explicar a quem o pergunta, não o sei».
Sabemos que somos feitos de tempo, de idades, de cronometrias visíveis e invisíveis, de estações…
Sabemos que o tempo é a argila da vida. Do incomensurável oceano ao sucinto regato, da minúscula pedra ao elevado rochedo, da planta solitária ao vastíssimo bosque, tudo tem no tempo uma chave indispensável. Também nós somos modelados e lavrados, instante a instante, pelos instrumentos do tempo. Por vezes de um modo tão delicado que nem sentimos como ele, irreversível, desliza dentro e fora de nós. Por vezes, atormentando-nos claramente a sua voracidade, sentindo-nos perdidos na sua obsidiante vertigem.
Que é, pois, o tempo?

Nós dizemos, repetindo um provérbio que os latinos já usavam, que o tempo voa (tempus fugit). De facto, tudo o que é humano é feito de tempo, mas a experiência que mais vezes nos ocorre é a de não termos tempo. «Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante para ti», explicou a raposa ao Principezinho. Há uma qualidade de relação que só se obtém no tempo partilhado. Por alguma razão, esse raro Mestre de humanidade chamado Jesus, disse: «Se alguém te pede para o acompanhares durante uma milha, anda com ele duas». Só com tempo descobrimos tanto o sentido e a relevância da nossa marcha ao lado dos outros, como o da nossa própria caminhada interior. Sem tempo tornamo-nos desconhecidos. Sem tempo falamos, mas não escutamos. Repetimos, mas não inventamos. Consumimos, mas não saboreamos. É verdade que mesmo num rápido relance se pode alcançar muita coisa, mas normalmente escapa-nos o detalhe. E Deus habita o detalhe.

Gosto muito do «Poema do Tempo» que vem no livro bíblico do Eclesiastes, pois nos expõe à consciência de que o tempo é uma arte que realmente possuímos e que somos chamados a desenvolver com sabedoria. Não é verdade que não temos tempo. A nossa vida está cheia de tempos. Precisamos identificá-los e tratar deles, como quem cuida de um tesouro. Não é a quantidade de tempo o mais determinante. Importante é perguntar-se o que fazemos do tempo e investir aí a matéria dos nossos sonhos.

«Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu:
tempo para nascer e tempo para morrer,
tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou,
tempo para matar e tempo para curar,
tempo para destruir e tempo para edificar,
tempo para chorar e tempo para rir,
tempo para se lamentar e tempo para dançar,
tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar,
tempo para abraçar e tempo para afastar o abraço,
tempo para procurar e tempo para perder,
tempo para guardar e tempo para atirar fora,
tempo para rasgar e tempo para coser,
tempo para calar e tempo para falar,
tempo para amar e tempo para recusar,
tempo para guerra e tempo para paz.»
Bom ano de 2011

José Tolentino Mendonça
In Diário de Notícias da Madeira
02.01.11

domingo, 2 de janeiro de 2011

Anéis de Nárnia



C.S.Lewis e J.R.R.Tolkien viveram ambos no início do Século XX, ambos participaram na 1ª Grande Guerra Mundial, assistaram aos horrores das trincheiras, da guerra e da morte (Lewis, inclusive, assistiu à morte do seu melhor amigo), assistiram depois ao sofrimento causado pela 2ª Grande Guerra, os bombardeamentos, as familias separadas. Que contributo poderiam estes dois professores universitários de Oxford dar ao mundo e às gerações vindouras para que tais crueldades, fruto da maldade humana, não se voltassem a repetir ?
Ambos criaram, então, dois mundos fantásticos, a terra média e Narnia que enriqueceram com elementos próprios do cristianismo, da idade média, das mitologias gregas e nórdicas e, claro, do mundo das fadas. Aslan (o equivalente ao Gandalf do Senhor dos Anéis) explica a razão de ser destes livros: “Foi por essa razão que vos trouxe até Nárnia, para que, conhecendo-me aqui por algum tempo, me pudessem conhecer melhor lá”. Por isso, para Lewis e Tolkien, os 3 livros da saga do Senhor dos Anéis e os 7 livros dos Contos de Nárnia têm um bilhete de regresso à realidade, não se esgotam apenas na sua leitura.
Muitos livros, estudos e até teses de doutoramento se fizeram sobre estas obras, os seus autores e a sua interligação entre si. Aqui gostaria apenas de focar dois aspectos que ambas têm em comum: O desafio à fragilidade humana e a actuação de acordo com as responsabilidades de cada um.
Em todas estas obras, os seus heróis, à excepção de Gandalf e Aslan, são pessoas com defeitos, falhas e fraquezas. No Senhor dos Anéis, Boromir após ter jurado fidelidade à Irmandade do Anel, num acto de loucura, tenta roubá-lo a Frodo; Theodian deixa-se enfeitiçar pelo seu conselheiro, transformando-se num débil e apático velho e o próprio Frodo, no final, soçobra à sedução do anel, traindo a confiança de todos os que deram a vida por ele. Por sua vez, nos contos de Nárnia, Edmund traí os irmãos e os seus amigos em troca da promessa de um reinado (já dizia a serpente no jardim do paraíso “Sereis como Deuses” e sempre a hipetrofia do eu como ponto de partida para o mal) e de uma caixinha de gostosas delicias turcas e, por causa disso, só o sacríficio de Aslan é que possibilita o seu resgate das mãos da Feiticeira do Gelo (o sacrifício dos inocentes tem o efeito contrário ao da morte, diz Aslan, com inequívoco paralelismo à paixão de Cristo).
Estas personagens, ao longo da narrativa, sofrem tentações e seduções, a atracção do regresso (no caso de Edmund), ou da entrada (no caso de Frodo) aos aparentes e imediatos prazeres proporcionados pelo mal. E aqui constata-se também uma característica própria dos contos de cavaleiros da idade média onde estes são testados, não só fisicamente, mas sobretudo moralmente, com ofertas de domínios e riquezas em troca da sua deserção. No 3º conto “A viagem do caminheiro da Alvorada”, à semelhança do que já acontecera no 2º, Edmund, através de alucinações e pesadelos, é novamente seduzido pela memória da Feiticeira do Gelo que reclama o regresso dos seus foros perdidos. No filme, inclusive, a luta final é feita não contra pessoas ou monstros, mas contra o fumo verde, subtil e penetrante da sedução do mal.
Por outro lado, estes livros fazem a apologia da assunção das responsabilidades de cada um, de acordo com o seu estado e as suas circunstâncias. Não fugir do destino, mas enfrentá-lo é o conselho que o pequeno Ripitchic dá a Estauce quando este decide desertar, no meio do início de uma batalha ou como diz Gandalf “Não nos cabe a nós escolher a época em que nascemos e sim fazer o que pudermos para a remendar”.

Para atingir um maior sucesso no casamento

“If your partner is helping you become a better person, you become happier and more satisfied in the relationship.”


The Happy Marriage
The New York times, 31 December 2010

sábado, 1 de janeiro de 2011

Defendendo as crianças da cultura adulta erotizada

Em 2007 a American Psychological Association emitiu um relatório acerca da sexualização de meninas, fazendo notar que esta forma de se auto-objectificarem está relacionada com "três dos problemas mais comuns de saúde mental de raparigas e mulheres: desordens alimentares, baixa auto-estima e depressão ou humor deprimido".

Logo depois, um comité do Senado Australiano promoveu um inquérito e reportou em 2008 que "a inapropriada sexualização das crianças na Austrália é de preocupação crescente" e representa um "desafio cultural significativo".

No início deste ano um relatório levado a cabo pelo British Home Office confirmou que a sexualização dos mais novos (e não só raparigas) é um assunto grave.

Contudo, a sexualização de crianças diz mais acerca das nossas atitudes face ao sexo do que das nossas atitudes face às crianças.

A questão do problema é que as crianças - pessoas que são culturalmente, fisicamente e mentalmente demasiado novas para se iniciarem sexualmente como adultos - estão a ser moldadas e modeladas para corresponder a uma cultura adulta erotizada.
Se a sexualização das crianças é uma extensão lógica da nossa actual cultura sexual, então a defesa do princípio que é inocência da infância é na verdade um verdadeiro movimento contra-cultural. Como campanha de base, promete destacar tanto o fenómeno chamado "pedofilia corporativa" como a hiper-sexualização da cultura circundante.

Esta vaga de opinião pública pode não resolver os problemas culturais implícitos, mas oferece aos pais a oportunidade, e - esperemos - a coragem de levar para a frente a cultura em defesa das suas crianças.

Zac Alstin trabalha no Southern Cross Bioethics Institute em Adelaide, South Australia.

O original do artigo está em www.mercatornet.com

TEXTOS RÁDIO COSTA D’OIRO


DIA 28 DE DEZEMBRO

Recordo o cheiro dos lençóis lavados, a guerra para lavar os dentes, histórias contadas antes de adormecer. O desejo de chegar a casa, o aconchego e, depois, outra vez a vontade de sair.
Corria para a minha mãe quando caía e me magoava. Não para o meu pai, porque seria preciso dar muitas explicações e ouvir de novo o racional "Eu já te tinha avisado...".
Um prato especial nos dias de festa. Birras. É preciso vestir aquela roupa nova. É a tua vez de lavar a louça.
Depois do jantar fazíamos jogos e entretínhamo-nos uns com os outros. Por vezes, quando era Verão, saíamos a passear e apanhávamos pirilampos.
A chuva lá fora, o calor dentro de casa. Um livro. Um amigo que vem lanchar. Um ralhete porque desta vez passámos dos limites e as calças vêm cheias de lama. Acordar com um beijo. Adormecer com uma oração.
Natal. Os primos. Visitas a casa dos avós. Brincadeiras. É tão bom ser pequenino...
Coisas pequenas. Diárias. Vulgares. Mas enormes, únicas, cheias de magia.
Ao crescer, descobri que para se ter os lençóis lavados e passados a ferro é preciso frequentemente deitar-se mais tarde e dormir menos.
Vim assim a saber que o cimento da família é aquilo que se faz pelos outros, deixando de fazer aquilo de que se gosta, para os ver felizes, para os construir, para os ajudar a chegar a onde devem chegar.
Aquelas pequenas coisas da minha infância foram grandes, afinal, porque eram feitas de um amor sacrificado e escondido. Esse amor toca naquilo que é pequeno e engrandece-o. Desenha flores no pó do quotidiano. Só ele permanece.
Texto de Paulo Geraldo, professor.

DIA 29 DE DEZEMBRO

Este ano, por cada dia que passou, foram feitos 53 abortos legais. Em 2007, os números não ultrapassaram os 36. O número de interrupções voluntárias da gravidez tem crescido sucessivamente desde que a prática foi despenalizada há três anos.
"A tendência no Norte da Europa é para uma estabilização passado dois ou três anos. E depois um decréscimo . Se cá não baixam é preocupante: legislou-se, mas não se iniciou um programa a sério de prevenção da gravidez", critica Luís Graça, director do serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O especialista, que foi um dos maiores defensores da aprovação da lei em 2007, está desiludido com os resultados. "Tomam-se medidas pontuais, mas não se tomam medidas de acompanhamento. Não há políticas preventivas e, assim, o aborto vai continuar a ser usado como um método de não concepção."
E, mais do que com os resultados, está desiludido com as mulheres: 354 foram reincidentes e fizeram mais do que um aborto em 2008 e 2009. "Fui ingénuo. Tenho pena que não tenham estimado uma lei feita para salvaguardar a sua saúde: era para protegê-las das complicações dos abortos clandestinos, não para fazerem dois ou três abortos em dois anos."
Este texto é da autoria do diário “i”


Dia 30 DE DEZEMBRO

Em 2009, houve 19 572 contra os 18 607 abortos praticados em 2008 (mais 965). E, até Agosto de 2010, os casos já atingiram o patamar dos 13 mil. Ou seja, a manter-se a média actual, 2010 vai fechar ligeiramente acima do ano anterior, o que contraria a tendência decrescente noutros países europeus que optaram pela legalização.
Para Daniel Serrão, não há qualquer razão que justifique o aumento dos abortos praticados no país, já que "é uma intervenção completamente desnecessária, que, independentemente de ser feita de forma legal, só traz riscos para a mulher
A lei do aborto não foi acompanhada por medidas que educam para a sexualidade. Se os métodos contraceptivos são gratuitos, não há nenhuma razão para as mulheres não terem uma vida sexual sem necessidade de abortar", lamenta o médico e especialista em ética da vida.
Além das falhas no planeamento familiar, o especialista aponta para a necessidade de controlo das repetições de abortos. "Na maior parte dos países, as mulheres só podem fazer um aborto. Aqui é a la carte", acusa. O registo dos motivos que levam as mulheres a abortar seria, na opinião do especialista, o primeiro passo para perceber "se o fazem por fome ou miséria, por falta de companheiro ou só porque sim".
Este texto é da autoria do diário “i”

DIA 31 DE DEZEMBRO
O ano termina e é tempo, por isso, de fazer um balanço.
Se olharmos para trás certamente veremos que, em muitas ocasiões, andámos a perder o nosso tempo precioso em momentos de ócio estéril e de inactividade ou que o desperdiçámos com ninharias e em situações onde nos quisemos procurar mais a nós do que aos outros.
Quando um avião, caí ou tem um problema técnico, logo as autoridades competentes procuram fazer uma investigação exaustiva para apurar a origem de tal problema e a forma de o poder prevenir e evitar, no futuro.
Também na nossa vida, a forma inteligente de aproveitar esta passagem de ano passará por pensar no que fizemos de mal ou de menos bem e do como é que poderemos melhorar e corrigir os nossos defeitos, e maus hábitos. E ninguém esperará que nos transformemos de um dia para o outro.
Resta a consciência de que se, ao menos, tentarmos, com autenticidade e um verdadeiro querer, já estaremos a ser e a fazer o mundo muito melhor.

Dia 3 DE JANEIRO
O amor pela vida faz-nos amar, em primeiro lugar, a nossa vida e fazer tudo para que esta seja verdadeira e, por isso, santa. Este é o primeiro resultado da fé que leva à descoberta do grande valor da vida. Um compromisso sério com a nossa própria vida.
O amor, em segundo lugar, faz-nos ainda querer partilhar a vida e ajudar os outros, faz-nos ir ao encontro de todos, sem fazer aceção de pessoas e ajudar cada um nas suas necessidades imediatas ou mais profundas.
Mas, caríssimos, a primeira obra e a mais importante é a família. Cada um cuide bem da sua família e ajudemo-nos nesta tarefa. Defender a verdadeira família implica que os esposos se amem e concorram para o bem do outro em tudo, crescendo na consciência de que o verdadeiro amor passa por dificuldades e exige sacrifícios para reforçar a unidade e aumentar os frutos e só assim se pode ser feliz. Cuidar da família é cuida a educação dos filhos. Uma educação que passa muito mais por um acompanhar do que por um dar coisas ou dizer muitas palavras, que passa por sentir a responsabilidade com a própria vida para testemunhar o gosto de viver santamente e querer que os filhos sejam santos e não apenas por querer que os filhos não tenham problemas e sejam importantes neste mundo ou ricos.
Este é um excerto da mensagem lida na festa de Natal da Federação Portuguesa pela Vida.