quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Um filho para a eternidade: como acolher e amar um filho condenado a morrer

A minha recomendação de leitura de hoje:O livro “Un enfant pour l’éternité”, de Isabelle de Mézerac, descreve a aventura emocionante de uma mãe diante do diagnóstico pré-natal de trisomia 18, e que decide continuar com a gravidez e acolher o seu filho condenado a morrer a partir do seu nascimento.
A leitura é muito difícil; para pessoas muito sensíveis e idealistas (como eu), é realmente doloroso.É muito duro seguir passo a passo esta mãe que quer com toda a sua alma o filho que leva no seu interior, e que está condenada a chorar a sua morte inexoravelmente anunciada.
Ao ler o livro, ficamos destroçados como ela, o seu marido e os seus filhos, diante da tormenta de sentimentos contraditórios que enfrentam penosamente durante esta espera. Este caminho conduz a um sentimento assombroso de plenitude apesar do sofrimento.
“Plenitude deste amor gratuito completamente entregue. Plenitude deste caminho realizado na verdade. Plenitude desta relação conduzida até ao fim.”
“Ir o mais longe possível na relação com aquele que vai morrer, inclusive por tratar-se de um filho que vai nascer, deixa-nos tempo para dar tudo, dizer tudo e autoriza-nos a reerguer a vida”.
A dada altura, Isabelle de Mézerac dá o seguinte testemunho: “aceitar os limites da medicina, sem enganar, olhar o nosso sofrimento de frente, sem pretender esquivar-se, enfrentar a morte na sua hora, sem querer antecipá-la, é tudo o que aprendi com Emmanuel, e é por isso que reergo a vida!”.
Ela também nos confia a reflexão de um dos seus filhos, na noite da morte do seu irmão pequeno: “olhou-me intensamente, e através das suas lágrimas garantiu-me que agora sabia que eu o teria amado, até ao fim, mesmo se ele tivesse tido uma mal-formação!”.Mal-estar em torno do diagnóstico pré-natal
A leitura deste livro causa-nos uma impressão violenta do mal-estar que rodeia a prática e o anúncio do diagnóstico pré-natal. Diante do conhecimento de uma malformação grave do seu bebé antes do nascimento, os pais encontram-se completamente vulneráveis, perdem a sua liberdade de escolha e encontram-se nas mãos dos cuidadores, os quais geralmente lhes propõem o aborto.
Isabelle de Mézerac fala de uma engrenagem infernal, de um jogo de bilhar que se converteu numa loucura, e diz que antes da intervenção de uma amiga geneticista, nem sequer sabia que era medicamente possível prosseguir com a gravidez.
No caso de malformação mortal, o aborto é o normal, e a continuação da gravidez é uma alternativa que raramente é proposta pelos médicos.
Então, fica a minha recomendação - uma dose de realidade e de amor realista: Isabelle de Mézerac, Un enfant pour l’éternitéVale muito a pena.
Via Newsletter: É o Carteiro.

Sem comentários: