sábado, 28 de fevereiro de 2009

Aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar

*A indisciplina nas escolas (vista por F. Savater)*
Especialistas reunidos em Espanha
Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valênciadefenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a umacrise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impordisciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.Os participantes no encontro "Família e Escola: um espaço de convivência",dedicado a analisar a importância da família como agente educativo,consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre osmenores recaia nas escolas."As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é umelemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo FernandoSavater."As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitascrianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou.Para Savater, os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade",preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e semconflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para osprofessores.No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador,"são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre osfilhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os", acusa."O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade deprotestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia noseu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha.Há professores que são "vítimas nas mãos dos alunos".Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar umaescola"deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando paraa situação demuitos professores que estão "psicologicamente esgotados" e que setransformam "em autênticas vítimas nas mãos dos alunos".A liberdade, afirma, "exige uma componente de disciplina" que obriga a queos docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famíliase da sociedade."A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma,recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escolae a importância que é receber uma educação "uma oportunidade e umprivilégio"."Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com adisciplina", frisa Fernando Savater.Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceberque as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do queantes; o problema é que "têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos"."Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento paraos passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia",afirmou.Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas emvigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que "maisvale dar uma palmada, no momento certo" do que permitir as situações quedepois se criam.Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégiose o alargamento dos deveres.

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