segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Falhas nos preservativos V

Há alguns anos, nos Estados Unidos, o Institute for Research and Evaluation lançava uma advertência certeira, embora politicamente incorreta. “É um erro acreditar que com mais preservativos se evitem os comportamentos perigosos”, declarava o porta-voz da entidade.

Pesquisas revelavam, então, que adolescentes bem informados continuavam tendo condutas sexuais de alto risco. A informação, despida de orientação comportamental, acaba sendo contraproducente.

Na verdade, caro leitor, as campanhas de educação sexual, na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, não dão a resposta adequada ao verdadeiro problema: a influência comportamental do gigantesco negócio do sexo, que, impunemente, acaba determinando a agenda do mundo do show business.A culpa não é só do mundo do entretenimento.

É de todos nós - governantes, formadores de opinião e pais de família -, que, num exercício de anticidadania, aceitamos que o País seja definido mundo afora como o paraíso do sexo fácil, barato, descartável.

(...)

O governo, assustado com o crescimento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, pretende investir, mais uma vez, nas campanhas em defesa do preservativo. Não basta. Afinal, milhões de reais já foram gastos num inglório combate aos efeitos. O resultado está, mais uma vez, gritando nos números da Secretaria de Saúde mencionados na reportagem citada.

A raiz do problema, independentemente da irritação que eu possa despertar em alguns, está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional. Como já escrevi neste espaço opinativo, hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, o sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.

É ridículo levar um gordo a um banquete e depois, insensatamente, querer que evite a gula.

As campanhas de prevenção da aids batem de frente com inúmeras novelas e programas de auditório que fazem da exaltação do sexo bizarro uma alavanca de audiência. A programação infantil, por exemplo, outrora orientada por padrões éticos e educativos, passou a receber forte carga de violência e sexo. A iniciação sexual precoce, o abuso sexual e a prostituição infantil são, de fato, o resultado da cultura da promiscuidade que está aí.

Artigo de Opinião do "Estado de S.Paulo"

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