quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Os animais têm os mesmos direitos?!

Alguém já reagiu neste blogue contra a pretensão de que os animais têm os mesmos direitos dos homens. Porque, por mais incrível que pareça, uma associação veio a público defender que a dignidade humana não é um valor superior ao da dignidade dos animais (esta é a posição de uma associação intitulada Animal, ver a referência aqui).

A diferença entre os seres humanos e os bichos é patente aos olhos de todos. Nem é possível pô-la seriamente em causa.

Como interpretar, então, aquela tomada de posição, equiparando os homens aos outros animais?

As limitações dos bichos são de tal ordem que não é possível enganar-se: ninguém discute filosofia com o seu gato, ou pede à rã que lhe conserte o automóvel. Por mais afectividade que se projecte num urso de carne e osso, ou num urso de peluche, ninguém confunde as capacidades de um animal, a ponto de o julgar livre e responsável.

Talvez a questão esteja na compreensão do que é o ser humano: para alguns, o ser humano tem vindo a ser tão desprezado na sua dignidade altíssima, que já desceu ao nível dos bichos.

A Associação Animal ilustra um caso extremo da degradação da cultura, mas infelizmente não a podemos tomar como um exemplo sem paralelo.

A sociedade actual regista muitos casos de pessoas profundamente infelizes. Não são necessariamente pobres ou doentes, mas pessoas que não encontram nenhum motivo para viver. Talvez os outros não as desprezem, mas elas desprezam a sua própria vida.

Quando falamos de acolher os outros, de proteger a vida (rejeitando o aborto, a eutanásia e todas as formas de degradação do ser humano), muitas vezes deparamos com interlocutores que não aceitam este ideal e, continuando a conversa, descobrimos que, no fundo, não se aceitam, não vêem em si mesmos um sentido, um valor.

Recordo debates em que alguém, defendendo o aborto, desejava para si mesmo o alívio de não ter nascido.

A vida exige coragem e esforço. Por vezes, os desafios são tão grandes que nem isso basta: são indispensáveis os amigos. E, às vezes, nem isso é suficiente: é preciso estar muito perto de Deus.

Apesar de tudo, a vida também é sinónimo de felicidade. É como aqueles jogos de futebol em que chegamos ao fim transpirados, ofegantes, com alguma nódoa negra... mas que voltaríamos a jogar, ainda com mais entusiasmo.

Os animais não têm o imenso direito de serem felizes. Ficam-se por um contentamento animal, de instinto satisfeito.

Só nós, seres humanos, temos o direito de ser felizes, porque a felicidade é o fruto da liberdade. A liberdade convoca-nos a uma tarefa imensa, uma canseira para toda a vida. Poderá ser extenuante... Vale a pena!

José Maria André

2 comentários:

Anónimo disse...

Só nós, seres humanos, temos o direito de ser felizes, porque a felicidade é o fruto da liberdade. A liberdade convoca-nos a uma tarefa imensa, uma canseira para toda a vida. Poderá ser extenuante... Vale a pena!

nao seria isso um gesto gigante do egoismo. qualquer ser vivo tem o direito de ser feliz. nao so os humanos.

MRC disse...

CAro António,

Penso que o José Maria quis dizer que o direito à felicidade pressupõe o livre arbítrio ou a liberdade de ser algo ou de não ser e de agir em conformidade com o que se pretende fazer. Os animais têm direito, como ele diz, ao instinto satisfeito do abanar a cauda ou do rosnar. Mas não mais do que isso.
É óbvio que nós humanos não temos o direito de maltratar os animais, assim como não temos o direito de atacar a natureza e devemos contribuir para a satisfação instintiva dos animais que nos são próximos na medida do possível e do razoável.
Não se pode é dizer que os animais têm os mesmos direitos dos homens.

Infelizmente, em alguns casos, de acordo com a legislação portuguesa, os animais têm mesmo mais direitos do que os homens (V.G. A penalização pela destruição de ovos de certas éspecies protegidas versus aborto livre até às 10 semanas). Mas isso já é outra história...