sábado, 21 de junho de 2008

«Uma adolescente com menos de 15 anos já ia na segunda IVG»

Os dados dos primeiros seis meses da lei do aborto dão conta de 27 interrupções de gravidez em adolescentes com menos de 15 anos. Ou seja, 0,4% do total. Mais representativas são as IVG realizadas entre os 15 e os 19 anos, que chegam a 10,2% do total (625).

Apesar de pequenos, os números relativos à gravidez em mulheres muito jovens revelam algumas preocupações. Entre elas, o facto de uma das adolescentes já ter feito um aborto em 2007. Além disso, 21 das jovens em causa não tinham procurado consultas para utilização ou controlo de métodos contraceptivos.

Constata-se que 45% das adolescentes que abortaram são do distrito de Lisboa, 15% de Setúbal e 11% do Porto. Todas são solteiras e estudantes do Ensino Básico.

A realidade da IVG em Portugal deverá ser menor do que previram as autoridades aquando da aprovação da despenalização até às dez semanas por opção da mulher. Os cerca de seis mil abortos feitos em seis meses permitem extrapolar um total anual de 12 mil abortos: 60% dos 20 mil que eram esperados, calculados a partir de dados internacionais. O estudo da Direcção-Geral da Saúde alerta, contudom para a necessidade de deixar correr mais tempo até se poder fazer um retrato epidemiológico fiel do aborto em Portugal.

Uma conclusão possível, desde já, é o recurso preferencial ao método medicamentoso, à excepção das unidades privadas, que optam por cirurgia. Um recurso escolhido muito por uma questão de capacidade dos serviços, sem condições para muitas cirurgias, como realçaram ontem no Porto vários médicos reunidos numa jornada de reflexão sobre IVG.
Notícia daqui.

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