sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Portugal: País sem futuro


A propósito do Dia Universal das Crianças, que sob a égide da ONU, se celebrou no passado dia 20 de Novembro, o médico de saúde pública do Hospital Distrital de Faro, Dr. Mariano Ayala, concedeu à Agência Lusa uma entrevista, onde manifesta a sua preocupação pelas baixas taxas de natalidade da sociedade portuguesa e a propósito, faz declarações que são verdadeiros “avisos à navegação”. Segundo aquele médico “cada mulher portuguesa tem, em média 1,3 bebés” o que traduz uma taxa de natalidade muito baixa e constitui um “sintoma de uma sociedade doente” que não apoia os progenitores e as crianças. Face a uma tão reduzida taxa de natalidade, o Dr. Mariano Ayala não tem dúvidas em declarar que “a sociedade portuguesa está a ter um comportamento suicida generalizado”, pois “Portugal, com os portugueses de hoje, vai ter tendência a desaparecer”!


Para Portugal manter a população constante, as mulheres portuguesas deveriam ter uma média de 2,1 filhos, mas infelizmente, os dados do Instituto Nacional de Estatística apontam para uma média de 1,3 bebés por mulher. Estes números, representam na opinião do entrevistado “um valor pavoroso” que indicam que Portugal, “tal como o conhecemos, está com a morte marcada”. De facto a taxa de natalidade em Portugal tem vindo a diminuir drasticamente, o que levou ao envelhecimento da população e futuramente porá em causa a renovação das gerações. Para dar uma ideia do decréscimo acentuado que se tem verificado bastará dizer que em 1935 a taxa de natalidade era de 28%, em 1976 era já somente de 20%, em 1986 baixara já mais acentuadamente para 12,6% e em 2006 atingiu o seu valor mais baixo de sempre: apenas 10%! Este é um tema que por diversas vezes temos abordado nesta coluna. É um assunto que nos deve preocupar enquanto portugueses e europeus, pois a Europa sofre do mesmo mal.


A origem do problema é muita complexa e podemos dizer que a sua causa se radica na sociedade consumista e no modo como estão organizados os horários de trabalho, no fundo no modo como está organizada a vida social na Europa. Enquanto praticamente todos os sectores da governação europeia, não forem atravessados transversalmente por medidas de protecção e promoção da família, por uma política familiar que tenha como principal escopo a protecção da maternidade, a protecção da mulher que quer ser mãe e precisa de ser ajudada nessa sua primeira, específica e insubstituível missão humana, a situação não poderá ser invertida. Não estamos a falar de medidas avulsas e bem intencionadas, mas de uma governação que toda ela esteja impregnada desta preocupação e centrada neste objectivo fundamental. Proteger a maternidade e a paternidade responsáveis e promover o nascimento das crianças é contribuir para o aumento da taxa da natalidade na Europa e é salvaguardar o nosso futuro colectivo, pois paradoxalmente em outros continentes e noutras regiões do mundo a natalidade tem crescido de forma exponencial. Por isso, este é um problema especificamente Europeu e na parte que nos diz respeito, português. É bom que comecemos a tomar consciência disto, não se vá pensar que o decréscimo da taxa de natalidade é algo que acontece simultaneamente em todo o mundo. Não! É algo que apenas está acontecer na Europa e a continuar assim, nem Portugal nem a Europa terão futuro, pelo menos um futuro com europeus.


Dr. Luis Galante, advogado e ex-mandatário e membro da comissão executiva do Grupo Cívico "Algarve pela Vida".


Sem comentários: