segunda-feira, 18 de junho de 2007

Ataque à objecção de consciência II

"Depois de ter pedido ao povo que se pronunciasse, é obrigação do Estado impedir que uma qualquer classe profissional capture e desvirtue na prática o alcance da sua vontade"
3 Notas:
1) Foi curioso que durante a campanha para o referendo do passado dia 11 de Fevereiro, muitos de nós, ouvimos um médico dizer que iria invocar objecção de consciência e uma outra médica dizer que fazer abortos não era coisa que lhe agradasse particularmente de fazer.Ambos os médicos participaram activamente no “Médicos pela Escolha”, na campanha pelo "sim"...
2) O que dirá a Ordem dos Médicos, tendo em conta o teor conjugado dos artigos 30º e 47º do seu Código Deontológico, sobre afirmações destas?
3) Ou bem me engano ou este assunto vai estar na berra nos próximos tempos. Entretanto, vale a pena ler o excelente post do Bernardo Motta intitulado “Paradoxos do Aborto” http://www.espectadores.blogspot.com/
MRC

1 comentário:

Sebastião disse...

A posição veiculada pelo editorial do DN não tem outro fundamento do que a crença Rousseauniana na bondade e na infalibilidade da vontade geral. A vida se encarregou de mostrar, dolorosamente a falta de fundamento daquele princípio. Mas ainda há quem acredite que uma maioria, qualquer maioria qualificada ou não, pode, pelo simples facto de o ser, definir o que é bom ou mau, justo ou injusto...
Qualquer decisão sobre a pessoa humana tem de ter em conta a realidade da sua Natureza Pessoal. É absurdo que, em tempos de fervor ecológico como é o nosso , se exija o respeito pela Natureza das coisas e se desrespeite infantilmente, por vezes com claros intuitos ideológicos de reengenharia social, a Natureza Pessoal de cada mulher e de cada homem . Uma lei ou uma decisão que não respeite a Natureza, não é, pelo facto de sair da pena do legislador ou da decisão de uma maioria, que se torna, por esse facto, boa e justa.
Por isso, já há mais de 2000 anos, afirmava Cícero: “ Para distinguir a lei boa da má não temos outra norma do que a da natureza(...) A natureza deu-nos um senso comum, que esboçou no nosso espírito, para que identifiquemos aquilo que é honesto com a virtude e o torpe com o vício. Pensar que isso depende da opinião de cada um e não da natureza é coisa de loucos.”. (De Legibus I,15-16)